Vinho de dendê
história, cultura e socioeconomia do vinho de dendê na cidade de Salvador (BA) até o século XIX
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2596-3147.v1i2p215Palavras-chave:
Bebida, Palmeira, Seiva, Fermentação, DendêResumo
O vinho de dendê ou vinho de palma é uma bebida alcoólica fermentada, obtida através da seiva da palmeira do dendezeiro, a Elaeis guineensis L., planta nativa da costa ocidental da África, uma das palmeiras mais importantes do continente africano, por possuir diversas formas de utilização, como a produção de gordura, palmito e azeite de dendê. O vinho é conhecido e produzido em alguns países do mundo, como na Índia, Malásia, Indonésia, e em diversos países da África, como Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Benin e Angola. A bebida é conhecida por diferentes nomes, como emu, marafo, malafo, malufú, oguro e mapamá.
A palmeira do dendê chegou ao Brasil por volta do século XVI, com o tráfico de negros escravizados. Por volta do século XVIII, o vinho de dendê já era vendido comumente na cidade de Salvador. Dados afirmam que atualmente o estado da Bahia possui mais de 800.000 hectares de dendezeiros, porém a utilização da palmeira do dendê fica por vezes restrita apenas à extração do azeite. Já o vinho de dendê é um produto muito pouco conhecido pela população da região, mesmo sendo um produto que faz parte da construção da história afro-baiana. Hoje trata-se apenas de produto difundido oralmente de geração para geração por alguns poucos conhecedores.
A pesquisa propõe apresentar os aspectos históricos, socioeconômicos e culturais do consumo e da produção do vinho de dendê na cidade de Salvador, na Bahia, até o início do século XIX, descrevendo o que é o vinho de dendê, relatando os seus métodos de produção, analisando a inserção do vinho de dendê na cidade de Salvador, revelando os motivos para a estagnação e o fim da sua produção na capital da Bahia. Visando compreender os fatos e fenômenos, recuperando informações acerca do vinho de dendê, foi feita uma revisão bibliográfica e documental a partir de matérias já existentes relacionados ao tema.
Um dos argumentos de grande relevância para o desenvolvimento da pesquisa é a importância do vinho de dendê como representante identitário da cultura afro-baiana em Salvador, perpassando seus aspectos sociais e econômicos, já que o mesmo é um produto que percorre parte da história e do desenvolvimento da cidade. Tem ainda a sua devida importância para a conservação dos valores religiosos, visto que a bebida tem significado real para as religiões de matrizes africanas, e, tragicamente, a ocupação de bebidas industrializadas dentro dessas religiões vem provocando o afastamento das raízes tradicionais identitárias, além de possibilitar a expansão do uso do dendezeiro não apenas para a produção do azeite de dendê.
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