Alimentação e gênero em Minas Gerais

um estudo sobre a atuação de LGBTs na cena gastronômica contemporânea

Autores

  • Paulo André Natale Belato Faculdade Senac de Belo Horizonte
  • Edna Aparecida Lisboa Soares
  • Carolina Figueira da Costa Universidade de Évora

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2596-3147.v1i2p251-252

Palavras-chave:

Homofobia, Queer, Feminismo, LGBTQ

Resumo

Marco Aurélio Máximo Prado e Frederico Viana Machado, no livro Preconceito contra homossexualidades: a hierarquia da invisibilidade (2008), dissertam sobre as várias hierarquias sociais criadas ao longo da história humana e como estas são utilizadas para manter certos grupos marginalizados ou, até mesmo, fora da visão do resto da sociedade. De acordo com o texto, essa “invisibilidade” legitima a inferiorização dessas pessoas e permite que o status quo se mantenha. Se o patriarcado, presente na Gastronomia desde sua formalização, é uma dessas hierarquias, preocupadas em manter as mulheres fora do espaço masculino, a heteronormatividade é outra, responsável por manter as pessoas queer à margem da sociedade.

Tomando como base o machismo na indústria gastronômica e os caráteres cultural e de gênero pelos quais a gastronomia é analisada, é que se vê necessidade em abordar esses temas do ponto de vista dos membros do grupo de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Queer e Outrxs (LGBTQ+). A partir da correlação entre esses dois pontos-chaves, a invisibilidade atribuída ao grupo LGBTQ+ e o machismo presente no âmbito da gastronomia, perguntamo-nos como as pessoas LGBTQ+ são vistas nessa indústria, tanto fora quanto dentro da cozinha, e quais seriam as ações adequadas para combater possíveis problemas.

Resultados e discussões: Para a pesquisa, um questionário foi formulado e distribuído entre pessoas atuantes no meio da gastronomia. Para realizar a análise de dados obtidos e facilitar a leitura, xs participantes foram divididxs em dois grupos principais. No primeiro grupo, as pessoas cisgêneras e heterossexuais, totalizando 42 pessoas. No segundo grupo foram colocadas as pessoas que se classificaram como LGBTQ+ da Grande Belo Horizonte, totalizando 16 pessoas.

Entre xs participantes queer, 62,5% (n=10) afirmaram terem sofrido assédio moral devido à sua orientação sexual, sendo que 3 participantes afirmaram serem assediadxs frequentemente. 68,75% (n=11) das pessoas queer conhecem alguém que já sofreu discriminação devido à sua orientação sexual. Esta última pergunta também foi feita às participantes não-queer, e 44,3% (n=27) delas afirmaram conhecer alguém que já sofreu discriminação devido sua orientação sexual.

Considerações finais: Se a invisibilidade pode ser vista como um problema para pessoas queer que trabalham na área da gastronomia, então o que pode ser feito é dar maior visibilidade para essas pessoas. Se discriminação e homofobia se fazem possíveis devido à marginalização desse grupo, então, trazer esse grupo para a consciência pública pode ser uma tática para ajudar no que diz respeito à sua aceitação e inclusão.

Apesar de existirem vários programas sociais focados na profissionalização de pessoas queer, poucas pessoas não-queer estão cientes dessas iniciativas. Uma possível solução para marginalização seria a promoção de programas de conscientização e sensibilidade, direcionados principalmente a pessoas não-queer.

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Biografia do Autor

  • Paulo André Natale Belato, Faculdade Senac de Belo Horizonte

    Graduando em Tecnologia da Gastronomia na Faculdade Senac de Belo Horizonte e bolsista de Iniciação Científica através do Senac.

  • Edna Aparecida Lisboa Soares

    Doutora em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

  • Carolina Figueira da Costa, Universidade de Évora

    Doutoranda em História da Alimentação na Universidade de Évora, Portugal.

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Publicado

2019-12-01

Como Citar

Alimentação e gênero em Minas Gerais: um estudo sobre a atuação de LGBTs na cena gastronômica contemporânea. (2019). Revista Ingesta, 1(2), 251-252. https://doi.org/10.11606/issn.2596-3147.v1i2p251-252