Discutindo conceitos para uma escola brasileira de relações internacionais: um debate epistemológico - Audrey Alejandro e as formulações de Amado Cervo

Autores

  • André Sanches Siqueira Campos Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
  • Tullo Vigevani Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2447-9020.intelligere.2020.178403

Palavras-chave:

Teoria crítica, Conceitos, Eurocentrismo, Brasil, Produção científica, Internacionalização

Resumo

Este artigo parte de uma proposta de resenha do livro Western Dominance in International Relations? The Internationalisation of IR in Brazil and India, escrito por Audrey Alejandro. Nosso objetivo é discutir suas ideias sobre a possibilidade da internacionalização da produção do conhecimento das ciências sociais do Sul Global, particularmente da teoria de Relações Internacionais (RI), não ser condicionada pelo domínio Ocidental. Paradoxalmente, para ela, a reprodução dos discursos críticos e anti-eurocêntricos reforçam a própria teorização eurocêntrica que vem sendo criticada. Nesse sentido, a contribuição intelectual de Amado Cervo sobre a relação entre conceitos e teorias no ensino das relações internacionais no Brasil colabora para dialogar com o paradoxo levantado por Alejandro. Neste artigo, colocamos o debate de ambos os autores em perspectiva analítica e comparativa. Se para Alejandro, a ideia de uma teoria brasileira (e indiana) não é explícita, ao mesmo tempo sugere existirem elementos importantes para sua existência. De acordo com a interpretação de Amado Cervo, concluímos que teoria tem uso instrumental, mas isso não elimina a necessidade de fundar teorias explicativas, diferentemente do que ele sugere. Ao mesmo tempo, reconhecemos a importância dos conceitos formados a partir da história cognitiva. No que se refere a uma teoria brasileira de RI, afirmamos que a resposta de Alejandro seria intermediária, não há um corpo teórico pleno, mas há bons fundamentos para avançar.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

ACHARYA, Amitav; BUZAN, Barry. Why Is There No Non-Western International Relations Theory? An Introduction. International Relations of the Asia-Pacific, 2017.

ALEJANDRO, Audrey. Western Dominance in International Relations? The Internationalisation of IR in Brazil and India. London/New York: Ed. Routledge, Taylor and Francis Group, 2018.

ANGELL, Norman. A Grande Ilusão. Instituto de Pesquisa em Relações Internacionais. São Paulo, 2002.

AYDINLI, Ersel; MATHEWS, Julie. Periphery Theorising for a Truly Internationalised Discipline: Spinning IR Theory out of Anatolia. Review of International Studies 34 (4): 693–712, 2008.

BERNAL-MEZA, Raul. América Latina en el Mundo: El Pensamiento Latinoamericano y la Teoria de Relaciones Internacionales. Nuevohacer, 2005.

BRITO-CRUZ, Carlos Henrique de. Ajuda Acadêmica [Mensagem Pessoal]. Mensagem recebida pelos autores em 14 julho 2019.

CERVO, Amado L. Entrevista concedida a Celso Castro (2007) para a Memória das Ciências Sociais no Brasil, Centro de Pesquisa e Documentação de História Comtemporânea do Brasil (CPDOC), Fundação Getúlio Vargas (FGV), Rio de Janeiro, 2018.

CERVO, Amado L. Entrevista concedida a Audrey Alejandro, Professora de Metodologia da London School of Economics and Political Science (LSE), em virtude da pesquisa para o livro Western Dominance in International Relations? Internationalisation of IR in Brazil and India. Brasília, 2012.

CERVO, Amado L. Inserção Internacional: Formação dos conceitos brasileiros. Editora Saraiva, 1 ed., 2008a.

CERVO, Amado L. Conceitos em Relações Internacionais. Rev. Bras. Polít. Int., 51 (2), 2008b.

CERVO, Amado L. Política exterior e relações internacionais do Brasil : enfoque paradigmático. Rev. Bras. Pol. Int., vol. 46, n. 2, 2003.

COX, Robert W. Social forces, States and world order: beyond international relations theory. In: Keohane, Robert. (org.) Neorealism and its critics. Columbia University Press, 1986.

CRUZ, Sebastião C. Velasco e. Um outro olhar sobre a análise gramsciana das organizações internacionais. Rev. bras. Ci. Soc., São Paulo, v. 15, n. 42, 2000.

DESCH, Michael C. Cult of the irrelevant: the Waning Influence of Social Science on National Security. Princeton University Press, 2019.

HABERMAS, Jürgen. Technology and Science as Ideology. In Toward a Rational Society. London: Heinemann, 1971.

LESSA, Antônio Carlos. O Ensino de Relações Internacionais no Brasil. In O Crescimento Das Relações Internacionais No Brasil, edited by José Flávio Sombra Saraiva and Amado Luiz Cervo, 33–50. Brasília: IBRI, 2005.

LIMA, Maria Regina Soares de. Entrevista concedida ao episódio 4 do programa Caminhos, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Rio de Janeiro, 2020.

MARTINS, Estevão Chaves de Rezende. Relações Internacionais: visões do Brasil e da América Latina. Instituto Brasileiro de Relações Internacionais. Fundação Alexandre de Gusmão, FUNAG, 2005.

PUCHALA, Donald. Visions of International Relations. Columbia, SC: University of

South Carolina Press, 2002.

ROSENBERG, Justin. The empire of civil society: a critique of the realist theory of international relations. Londres: Verso, 1994.

TICKNER, Arlene B; WEAVER, Ole. International Relations Scholarship around the World. Abingdon, New York: Routledge, 2009.

TICKNER, Arlene B; BLANEY, David L. Thinking International Relations Differently. Worlding Beyond the West. Routledge, eds. 2012.

VIGEVANI, Tullo; THOMAZ, Laís F.; LEITE, Lucas. Pós-Graduação em Relações Internacionais no Brasil: Anotações sobre sua institucionalização. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol.31, n.91, 2016.

WANG, Jiangli; BUZAN, Barry. The English and Chinese Schools of International Relations: Comparisons and Lessons. The Chinese Journal of International Politics, 1-14, 2014.

Downloads

Publicado

2020-12-29

Como Citar

Discutindo conceitos para uma escola brasileira de relações internacionais: um debate epistemológico - Audrey Alejandro e as formulações de Amado Cervo. (2020). Intelligere, 10, 91-110. https://doi.org/10.11606/issn.2447-9020.intelligere.2020.178403