Baixa de Lisboa em Belarmino, de Fernando Lopes
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2316-4077.v2i3p312-321Palavras-chave:
Belarmino, Documentário, Formas híbridas, Lisboa, Cinema portuguêsResumo
Em Belarmino, Fernando Lopes constrói um retrato que desnaturaliza a imagem do lutador de boxe como mero objeto de espetacularização. Embora a decadência física e a precariedade social estejam presentes, o personagem afirma-se como sujeito de sua condição através de uma narrativa por vezes contraditória. Apesar da forma documental aparentemente clássica – entrevista, encenação do cotidiano, imagens de arquivo, voz off – o realizador antecipa dispositivos do cinema moderno que diluem a separação entre o real e a ficção, como por exemplo nas passagens em que as pessoas olham diretamente para a câmera, o uso de locações, a explicitação do processo cinematográfico, a participação de atores não profissionais e o olhar atento para os pequenos acontecimentos na vida de um homem comum. Esta desnaturalização estende-se à fruição da cidade, que é retratada a partir da cartografia particular de Belarmino.
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