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Chamada de Trabalhos
Vol. 24, n. 1, 2024 (Prazo de Submissão: 15 de maio de 2024)
Dossiê Temático: Música e relações étnico-raciais: perspectivas críticas
Editores Convidados: Eduardo Guedes Pacheco (UERGS)  e Felipe Merker Castellani (UFRGS)

A Revista Música está recebendo trabalhos para publicação no Vol. 24, n. 1 de 2024. Este número será dedicado ao Dossiê Temático: Música e relações étnico-raciais: perspectivas críticas organizado pelos editores convidados Eduardo Guedes Pacheco (UERGS) e Felipe Merker Castellani (UFRGS). Excepcionalmente, para esse número a Revista não receberá trabalhos que não se relacionem com o tema desta chamada.  As diretrizes para autores, que devem ser seguidas rigorosamente, estão disponíveis na página de instruções para submissão, onde também se encontram outras informações importantes para este processo. Templates nos formatos Word (.docx) e OpenOffice (.odt) estão disponíveis para download no link: RM template V23.zip. O prazo para submissão de artigos é 15 de maio de 2024 e a publicação desse número está prevista para julho de 2024.

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Chamada de Trabalhos

Dossiê Temático: Música e relações étnico-raciais: perspectivas críticas

Editores convidados:
Prof. Dr. Eduardo Guedes Pacheco (UERGS) e Prof. Dr. Felipe Merker Castellani (UFRGS)

Ao racializar o mundo a modernidade europeia fragmenta, classifica e hierarquiza corpos e saberes, produzindo processos coloniais de extrativismo e apropriação cultural marcados pela violência extrema que sustenta o racismo e as lógicas anti-negritude, que se mantém ativos até os dias de hoje, alicerçados por uma falaciosa ficção de superioridade branca. Uma suposta superioridade que invalida percepções de mundo que não se enquadram nos excludentes padrões da cosmovisão branca, moderna, ocidental e cis-hétero-patriarcal.

A produção de conhecimento musical é parte integrante deste processo. Por um lado, reiterando as narrativas coloniais e os mitos originários da superioridade branca, como a pureza da herança grego-romana, ou então, pelo uso fruto direto do espólio escravista para sustentação de contextos de práticas musicais na Europa e nos territórios colonizados. Por outro lado, a produção de conhecimento musical foi também um importante vetor na construção de processos de reorganização política e de preservação dos legados culturais no contexto da diáspora africana e dos povos originários nas Américas. Ao manter vivas as suas tradições musicais, indissociáveis de valores espirituais, políticos, éticos e estéticos, tais populações construíram possibilidades de enfrentamento cultural aos processos de desumanização do colonialismo europeu.

É importante ressaltar que o tensionamento racial é elemento constituinte das relações sociais e historicamente perpassa múltiplas camadas da sociedade brasileira, sendo sua compreensão fundamental na construção de políticas educacionais. Nas últimas décadas, a implementação das políticas de ação afirmativa no Brasil demonstrou a urgência na construção de instituições de ensino centradas não mais em um único modelo universalista, mas na necessidade de escuta das múltiplas vozes que se fazem presentes nos ambientes educacionais e do reconhecimento da pluralidade de cosmopercepções que constroem nossa sociedade. Desta forma, ganha fundamental importância a busca por um ensino pautado por epistemologias musicais construídas a partir dos legados civilizatórios afrodiaspóricos e dos povos originários brasileiros.

Convidamos a todas/es/os a contribuirem com o dossiê Música e relações étnico-racias: perspectivas críticas, com trabalhos (artigos, ensaios, resenhas e traduções) que abram diálogos entre o campo da música e os estudos das relações étnico-raciais, os estudos críticos da branquitude, os estudos decoloniais, a histórica social, os feminismos negros, os estudos de gênero e sexualidade, a educação, dentre outros. Abaixo apresentamos algumas linhas temáticas para enquadramento dos trabalhos, os quais poderão se relacionar com mais de uma linha apresentada.

  • Música e epistemologias afrodiaspóricas: perspectivas pedagógicas, artísticas e metodológicas;
  • Música e epistemologias dos povos originários brasileiros: perspectiva pedagógicas, artísticas e metodológicas;
  • Música e processos de racialização: aspectos históricos e conceituais;
  • Música e (de/contra)colonialidade: aspectos históricos e conceituais;
  • Música, gênero, classe e raça: abordagens e metodologias interseccionais;
  • Relações étnico-raciais e subáreas da música (educação musical, composição, sonologia, etnomusicologia, música popular, performance musical, dentre outras): debates sobre currículos, políticas institucionais, levantamentos de dados, proposições pedagógicas e metodológicas.

Sobre os editores:

Eduardo Guedes Pacheco é percussionista, pesquisador e professor adjunto da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS), tem seu trabalho voltado para a formação de professores interessados em problematizar a arte dentro do contexto educacional. Tem pesquisas que envolvem as questões étnico-raciais com especial atenção para o contexto da negritude. É integrante do grupo de Pesquisa LUTA (IFCH - UFRGS), Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da UERGS. Secretário da Comissão de Acessibilidade, Diversidade e Ações Afirmativas da Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM). Coordenador Nacional do Coletivo de Músicos Negres MWANAMUZIK. Integra o grupo musical AFROENTES.

Felipe Merker Castellani é artista multimídia, pesquisador e professor adjunto da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), suas pesquisas atuais têm como ponto central as práticas musicais experimentais e o estudo das epistemologiais afrodiaspóricas e seus desdobramentos no campo das artes, em especial no contexto musical. De 2018 a 2023 foi professor do Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), onde atuou como coordenador dos Bacharelados em Música e do Laboratório de Etnomusicologia (LABET - UFPel). É líder do Grupo de Pesquisa Epistemologias contra-hegemônicas no campo da arte (CNPq) e membro do corpo docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Artes da UFPel.