Arte e pensamento negro como epistemologias críticas: contribuições para o ensino de música
DOI:
https://doi.org/10.11606/rm.v24i1.229319Palavras-chave:
Sonoridades afrodiaspóricas, Educação Musical Antirracista, Musicalidades Ancestrais, Musica afro-brasileiraResumo
A partir da problematização do não reconhecimento das produções intelectuais e artistas negras enquanto episteme, e em especial, de conteúdos afrorreferenciados na literatura musical brasileira, este artigo busca conduzir o leitor a reflexões acerca dos processos de ensino e aprendizagem musical, sob uma perspectiva decolonial e afrodiaspórica. Procurando tecer um diálogo com o conceito de corpo-negro-território, da historiadora e intelectual negra, Beatriz Nascimento, o texto busca relacionar como o corpo negro se inscreve em diferentes ambientes a partir da consciência e retomada de sua ancestralidade, cultura e origem. Nas linhas que aqui se tecem, procuro conduzir o leitor para a tomada de consciência acerca da necessidade da descentralização do discurso hegemônico de tradição branco-europeia, que são empreendidos nos debates e registrados nos livros de teoria e análise musical, como também nos livros de história da música. Assim, busca-se compreender como os mecanismos de opressão racial, de classe e gênero operam na perpetuação do apagamento simbólico da história e influência do continente africano para a compreensão de nossa musicalidade.
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