Tradição e inovação: uma análise musical da obra Mutationen VI de Claudio Santoro

Autores

  • Ana Leticia Crozetta Zomer Universidade de São Paulo
  • Adriana Lopes da Cunha Moreira Universidade de São Paulo. Escola de Comunicações e Artes. Departamento de Música

DOI:

https://doi.org/10.11606/rm.v21i1.188826

Palavras-chave:

Análise musical, Notação musical, Indeterminação, Música eletrônica mista, Claudio Santoro

Resumo

Relacionada contextualmente com o percurso da música brasileira do século XX, a obra Mutationen VI, para violino e fita magnética, composta por Claudio Santoro em 1972, caracteriza-se pelo uso do que o próprio compositor chama de “aleatório controlado”. A análise da obra relaciona os aspectos pertinentes à notação musical não-tradicional – através dos trabalhos de Gould (2011), Strange e Strange (2001), Dourado (1998) e Stone (1980) – às “estratégias de invariância” (Costa, 2009; 2018). A articulação de processos aparentemente díspares, como o dodecafonismo, técnicas tradicionais e estendidas ao instrumento e a gravação da parte eletroacústica pelo próprio intérprete são exploradas e expostas neste trabalho.

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Biografia do Autor

  • Ana Leticia Crozetta Zomer, Universidade de São Paulo

    Ana Leticia Crozetta Zomer é violinista, doutoranda em Teoria e Análise Musical (2018) pela Universidade de São Paulo (USP), sob orientação da Profa. Dra. Adriana Lopes da Cunha Moreira; Mestre em Musicologia e Etnomusicologia (2017) pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), sob orientação do Prof. Dr. Guilherme Antonio Sauerbronn de Barros; e Graduada em Música (2013), pela mesma instituição. Sua pesquisa tem por finalidade discutir o emprego de operações de acaso e indeterminação na música de compositores brasileiros, mais especificamente, em obras do repertório violinístico a partir de 1950.

  • Adriana Lopes da Cunha Moreira, Universidade de São Paulo. Escola de Comunicações e Artes. Departamento de Música

    Adriana Lopes da Cunha Moreira é pianista, professora livre-docente no Departamento de Música (CMU) da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP, 2004-) e professora efetiva no Programa de Pós-Graduação em Música da ECA-USP (2010-). É coordenadora da Graduação do CMU (2017-21), coordenadora do Grupo de Pesquisa TRAMA: Teoria e Análise Musical, voltado à aplicação de conceitos teóricos emergentes para a prática analítica de obras musicais (ECA e CNPq, 2015-), e co-coordenadora dos Encontros Internacionais de Teoria e Analise Musical, EITAM (2009, 2011, 2013, 2017, 2019). Anteriormente, foi editora-chefe de publicações da ANPPOM (2011-15), que englobam a Revista OPUS (Qualis-CAPES A1), série Pesquisa em Música no Brasil e coordenação científica dos congressos anuais.

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Publicado

2021-07-27

Como Citar

Tradição e inovação: uma análise musical da obra Mutationen VI de Claudio Santoro. (2021). Revista Música, 21(1), 99-130. https://doi.org/10.11606/rm.v21i1.188826