“Joga fora no rio”: uma etnografia arqueológica do descarte de resíduos de pescado em uma comunidade de pescadores artesanais
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2448-1750.revmae.2023.190206Palavras-chave:
Etnografia arqueológica, Etnoarqueologia, Pesca, Descarte, ResíduosResumo
Este estudo analisa a prática do descarte de resíduos de peixe na comunidade da Barra do João Pedro, Rio Grande do Sul. A partir da abordagem da etnografia arqueológica – etnoarqueologia –, isto é, da observação e participação nas práticas cotidianas dos pescadores, pretende-se demonstrar o caráter associativo e orgânico do descarte de resíduos. A narrativa decorrente dessa experiência junto da comunidade será acompanhada de uma reflexão teórica sobre o papel do rio como um agenciador de relações na prática do descarte dos resíduos.
Downloads
Referências
Adomilli, G. 2002. Trabalho, meio ambiente e conflito: um estudo antropológico sobre a construção da identidade social dos pescadores do Parque Nacional da Lagoa do Peixe-RS. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
Adomilli, G. 2007. Terra e Mar, do viver e do trabalhar na pesca marítima: tempo, espaço e ambiente junto a pescadores de São José do Norte-RS. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
Bachelard, G. 1989. A água e os sonhos: ensaio sobre a imaginação da matéria. Martins Fontes, São Paulo.
Benjamin, W. 1985. O narrador: considerações sobre a obra de Nicolai Leskov. In: Benjamin, W. Magia e técnica, arte e política. Brasiliense, São Paulo, 197-221.
Binford, L. 1978a. Nunamiut ethnoarchaeology. Academic Press, New York.
Binford, L. 1978b. Dimensional analysis of behavior and site structure: learning from an Eskimo hunting stand. American Antiquity 43: 330-361.
Binford, L. 1983. Em busca do passado: a descodificação do registro arqueológico. Europa-América, Mira-Sintra.
Castañeda, Q. 2008. The “Ethnographic Turn” in Archaeology. In: Castañeda, Q.; Matthews, C. (Eds.). Ethnographic archaeologies: reflections on stakeholders and archaeological practices. Altamira Press, Plymouth, 25-62.
Castañeda, Q.; Matthews, C. 2008. Introduction. In: Castañeda, Q.; Matthews, C. (Eds.). Ethnographic archaeologies: reflections on stakeholders and archaeological practices. Altamira Press, Plymouth, 1-24.
Diegues, A.C. 1999. A sócio-antropologia das comunidades de pescadores marítimos no Brasil: uma síntese histórica. Nupaub, São Paulo.
Diegues, A.C. (Org.). 2000. A imagem das águas. Hucitec, São Paulo.
Diegues, A.C. 2004. A pesca construindo sociedades. NUPAB-USP, São Paulo.
Edgeworth, M. 2011. Fluid pasts: archaeology of flow. Bristol Classical Press, London.
Forman, S. 1970. The raft fishermen: tradition and change in the brazilian peasant economy. Indiana University Press, Bloomington.
Gaspar, M.; Klokler, D.; Deblasis, P. 2011. Traditional fishing, mollusk gathering, and the shell mound builders of Santa Catarina, Brazil. Journal of Ethnobiology 31: 188-212.
González-Ruibal, A. 2003. La experiencia del Outro: una introducción a la etnoarqueología. Akal, Madrid.
González-Ruibal, A. 2006. The past is tomorrow. Towards an archaeology of the vanishing present. Norwegian Archaeological Review 39: 110-125.
González-Ruibal, A. 2009. De la etnoarqueología a la arqueología del presente. In: Salazar, J.; Domingo, I.; Askarrága, J.; Bonet, H. (Coord.). Mundos tribales: una visión etnoarqueológica. Museu de Prehistòria, València, 16-27.
Hamilakis, Y.; Anagnostopoulos, A. 2009. What is archaeological ethnography? Public Archaeology 8: 65-87.
Hamilakis, Y. 2011. Archaeological ethnography: a multitemporal meeting ground for archaeology and anthropology. Annual Review of Anthropology 40: 399-414.
Ingold, T. 2000. The perception of the environment: essays on livelihood, dwelling and skill. Routledge, London.
Ingold, T. 2008. When ant meets spider: social theory for arthropods. In: Malafouris, L.; Knappett, C. Material agency: towards a non-anthropocentric approach. Springer, New York, 209-216.
Ingold, T. 2012. Trazendo as coisas de volta à vida: emaranhados criativos num mundo de materiais. Horizontes Antropológicos 18: 25-44.
Ingold, T. 2013a. Los materiales contra la materialidad. Papeles de trabajo 7: 19-39.
Ingold, T. 2013b. Repensando o animado, reanimando o pensamento. Espaço Ameríndio 7: 10-25.
Ingold, T. 2014. That’s enough about ethnography! HAU: Journal of Ethnographic Theory 4: 383-395.
Ingold, T. 2015. Estar vivo: ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição. Vozes, Petrópolis.
Kent, S. 1984. Analyzing activity areas: an ethnoarchaeological study of the use of space. University of New Mexico Press, Albuquerque.
Kent, S. 1991. The relationship between mobility strategies and site structure. In: Kroll, E.M.; Price, T.D. The interpretation of archaeological spatial patterning. Plenum Press, New York, 33-59.
Kent, S. 1993. Domestic architecture and the use of space: an interdisciplinary cross-cultural study. Cambridge Press, Cambridge.
Lane, P. 2006. Present to past: Ethnoarchaeology. In: Tilley, C.; Keane, W.; Küchler, S.; ROWLANS, M.; Spyer, P. Handbook of material culture. Sage, London, 402-424.
Latour, B. 1994. Jamais fomos modernos. Editora 34, Rio de Janeiro.
Latour, B. 1998. Ciência em ação: como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora. Editora Unesp, São Paulo.
Latour, B. 2008. Como falar do corpo? A dimensão normativa dos estudos sobre ciência. In. Nunes, J.; Roque, R. Objectos impuros: experiências em estudos sobre a ciência. Afrontamento, Porto, 39-61.
Latour, B. 2012. Reagregando o social: uma introdução à teoria do Ator-Rede. Edufba, Salvador; Edusc, Bauru.
Leroi-Gourhan, A. 1984. Evolução e técnicas: I: o homem e a matéria. Tradução Fernanda Pinto Basta. Edições 70, Lisboa.
Lima, T.A. 2000. Em busca dos frutos do mar: os pescadores-coletores do litoral centro-sul meridional brasileiro. Revista USP 44: 270-327.
Maldonado, S. 1994. Mestres e mares, espaço e indivisão na pesca marítima. Annablume, São Paulo.
Maldonado, S. 2000. A caminho das pedras: percepção e utilização do espaço marinho na pesca simples. In: Diegues, A.C. (Org.). A imagem das águas. Hucitec, São Paulo, 59-68.
Mourão, F. 2003. Pescadores do litoral sul do estado de São Paulo. Hucitec, São Paulo.
Normark, J. 2014. Water as a hiperfact. Current Swedish Archaeology 22: 183-206.
Olsen, B. 2010. In defense of things: archaeology and the ontology of objects. Altamira Press, Plymouth.
Silva, F. 2009a. Etnoarqueologia: uma perspectiva arqueológica para o estudo da cultura material. Métis (UCS) 8: 121-139.
Silva, F. 2009b. A etnoarqueologia na Amazônia: contribuições e perspectivas. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas 4: 27-37.
Silva, L. 2011. Etnoarqueologia da pesca: um estudo sobre as áreas de atividade e práticas de pesca dos pescadores da Barra do João Pedro, RS. Cadernos do LEPAARQ 8: 113-127.
Silva, L. 2012. Pescadores da Barra do João Pedro, um estudo etnoarqueológico. Dissertação de Mestrado. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
Silva, L. 2015. Com vento a lagoa vira mar: uma etnoarqueologia da pesca no litoral norte do RS. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi: Ciências Humanas, 10: 537-547.
Silva, L. 2017a. (Re) visitando as pessoas e as coisas: a Etnoarqueologia enquanto uma Arqueologia do Presente. Revista de Arqueologia da Sociedade de Arqueologia Brasileira 30: 175-185.
Silva, L. 2017b. Nas cordas, anzóis, redes e gaiolas: seguindo os materiais na pesca artesanal. Tessituras: Revista de Antropologia e Arqueologia 5: 115-128.
Silva, L. 2018. Os materiais de pesca fluindo: uma arqueologia com os pés na água. Tese de Doutorado. Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
Silva, L. 2019. A fluidez das relações materiais: uma arqueologia com os pés na água. Revista de Arqueologia da Sociedade de Arqueologia Brasileira 32: 108-128.
Silva, L.; Gaspar, M. 2019. Anzóis, redes e pescadores: reflexões sobre a arqueologia da pesca. Revista de Arqueologia 32: 4-15.
Strang, V. 2004. The meaning of water. Berg, Oxford.
Strang, V. 2005. Common senses: water, sensory experience and the generation of meaning. Journal of Material Culture 10: 92-120.
Strang, V. 2006. Substantial connections: water and identity in an English cultural landscape. Worldviews 10: 155-177.
Strang, V. 2008. The social construction of water. In: David, B.; Thomas, J. Handbook of landscape archaeology. Routledge, London, 123-130.
Thomas, J. 2008. Archaeology, landscape, and dwelling. In: David, B.; Thomas, J. Handbook of landscape archaeology. Routledge, London, 300-306.
Tilley, C. 1994. A phenomenology of landscape. Berg, Oxford.
Tilley, C. 2001. Ethnography and material culture. In: Atkinson, P.; Coffey, A.; Delamont, S.; Lofland, J.; Lofland, L. Handbook of ethnography. Sage publications, London: 258-272.
Tilley, C. 2004. The materiality of Stone. Berg, Oxford.
Tilley, C. 2008. Phenomenological approaches to landscape archaeology. In: David, B.; Thomas, J. Handbook of landscape archaeology. Routledge, London, 271-276.
Wagner, G. et al. 2011. Sambaquis (shell mounds) of the brazilian coast. Quaternary International 239: 51-60.
Wagner, R. 2010. A invenção da cultura. São Paulo, Cosac Naify.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Lucas Antonio da Silva

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial (CC BY-NC) que permite o compartilhamento do trabalho sem fins lucrativos, com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (veja O Efeito do Acesso Livre).