Crônicas amazônicas e trocas indígenas: caminhos para uma arqueologia documental do Médio Solimões nos séculos XVI e XVII

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2448-1750.revmae.2021.163764

Palavras-chave:

Arqueologia documental, Arqueologia Amazônica, Etnohistória, Arqueologia histórica

Resumo

O rio Solimões foi um dos principais caminhos por onde passaram os primeiros viajantes europeus que conheceram a Amazônia. Nos séculos XVI e XVII, expedições atravessaram esse rio junto a cronistas que, além das paisagens, descreveram as diversas e distintas populações indígenas que habitavam suas margens. O presente trabalho preliminar discute essas fontes históricas referentes ao médio curso do rio Solimões pela perspectiva pouco aprofundada da arqueologia. Para realizar a discussão serão apresentadas as principais fontes da época, seus contextos de produção e as problemáticas envolvidas em sua análise. Depois, serão abordadas as descrições realizadas sobre os grupos indígenas do Médio Solimões no século XVI e XVII. Então, serão elencadas análises possíveis das crônicas no levantamento de informações contextuais arqueológicas, sobre padrões de assentamento, práticas e produtos, e redes de trocas. Por fim, serão traçadas as potencialidades de uma arqueologia documental no tratamento dessas fontes para a pesquisa arqueológica e para a pesquisa histórica.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Rafael de Almeida Lopes, Universidade de São Paulo. Museu de Arqueologia e Etnologia

    Doutorando em Arqueologia pela Universidade de São Paulo. Mestre em Arqueologia pela Universidade Federal de Sergipe. Graduado do curso de História na Universidade de São Paulo e pesquisador associado ao ARQUEOTROP (Laboratório de Arqueologia nos Trópicos) do MAE/USP, ao LAPSO (Laboratório de Paisagem e Sociedade) da UFS e ao Núcleo de Arqueologia do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM). 

Referências

Acuña, C. 1891 [1641]. Nuevo descubrimiento del gran Rio de las Amazonas por el p. Christoval de Acuña. Impressa por Juan Cayetano García, Madrid.

Barreto, C.; Machado, J. 2001. Exploring the Amazon, explaining the unknown: Views from the past. In: McEwan, C; Barreto, C.; Neves, E. (Eds.). Unknown Amazon: Culture in nature in ancient Brazil. British Museum Press, London, 232-251.

Belletti, J. 2015. A arqueologia do lago Tefé e a expansão polícroma. Dissertação de mestrado. Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo, São Paulo.

Beaudry, M.C. 1988. Words for things: linguistic analysis of probate inventories. In: Beaudry, M.C. (Ed.). Documentary Archaeology in the New World. Cambridge University Press, Cambridge, 43-50.

Bonomo, M.; Capdepont, I.; Matarrese, A. 2009. Alcances en el estudio de colecciones. Los materiales arqueológicos del Delta del río Paraná depositados en el Museo de La Plata (Argentina). Revista de Arqueología Sudamericana 5(1): 68-101.

Brown, M.R. 1988. The behavioural context of probate inventories: An example from Plymouth Colony. In: Beaudry, M.C. (Ed.). Documentary Archaeology in the New World. Cambridge University Press, Cambridge, 79-82.

Carvajal, G. 1894 [1542]. Descubrimiento del río de las Amazonas. E. Rasco, Sevilla.

Cassino, M.F. 2018. Relatório técnico final das atividades de bolsa: Manejo e uso de recursos florísticos em períodos pré-coloniais na Amazônia: um estudo de caso na RDS Amanã. CNPq 300056/2017-6, Tefé.

Clement, C.R. et al. 2015. The domestication of Amazonia before European conquest. Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences 282(1812): 20150813.

Costa, B. 2012. Levantamento arqueológico na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã: Estado do Amazonas. Dissertação de mestrado. Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo, São Paulo.

Cunha, M.M.L.C. 1998. História dos índios no Brasil. Companhia das Letras, São Paulo.

Denevan, W.M. 1992. The pristine myth: the landscape of the Americas in 1492. Annals of the Association of American Geographers 82(3): 369-385.

Denevan, W.M. 2016. After 1492: nature rebounds. Geographical Review 106(3): 381-398.

Fausto, C.; Heckenberger, M. 2007. Time and memory in Indigenous Amazonia: anthropological perspectives. University Press of Florida, Gainesville.

Fausto, C., Neves, E.G. 2018. Was there ever a Neolithic in the Neotropics? Plant familiarisation and biodiversity in the Amazon. Antiquity 92(366): 1604-1618.

Fritz, S. 1917 [1691]. Diário. Revista do Instituto Histórico e Geographico Brasileiro 81: 353-398.

Gomes, J. 2015. Cronologia e mudança cultural na RDS Amanã (Amazonas): um estudo sobre a Fase Caiambé da Tradição Borda Incisa. Dissertação de mestrado. Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo, São Paulo.

Harris, M. 2017. Revisiting first contacts on the Amazon 1500-1562. Tempo 23(3): 509-527.

Harris, M. 2018. The making of regional systems: the Tapajós/Madeira and Trombetas/ Nhamundá regions in the Lower Brazilian Amazon, seventeenth and eighteenth centuries. Ethnohistory 65(4): 621-645.

Heckenberger, M. 2001. Estrutura, história e transformação: a cultura xinguana na longue durée, 1000-2000 dC. In: Franchetto, B.; Heckenberger, M. (Orgs.). Os povos do Alto Xingu História e Cultura. Editora da UFRJ, Rio de Janeiro, 21-62.

Heckenberger, M. 2005. The ecology of power: culture, place and personhood in the southern Amazon, AD 1000–2000. Routledge, Abingdon.

Heckenberger, M.J.; Petersen, J.B.; Neves, E.G. 1999. Village size and permanence in Amazonia: two archaeological examples from Brazil. Latin American Antiquity 10(4): 353-376.

Heckenberger, M.J.; Petersen, J.B.; Neves, E.G. 2001. Of lost civilizations and primitive tribes, Amazonia: Reply to Meggers. Latin American Antiquity 12(3): 328-333.

Heckenberger, M.J. et al. 2003. Amazonia 1492: pristine forest or cultural parkland? Science 301(5640): 1710-1714.

Hemming, J. 2009. Tree of rivers: the story of the Amazon. Thames & Hudson, London.

Hodder, I. (Ed.). 1987. The archaeology of contextual meanings. Cambridge University Press, Cambridge.

Hornborg, A.; Hill, J.D. (Eds.). 2011. Ethnicity in ancient Amazonia: reconstructing past identities from archaeology, linguistics, and ethnohistory. University Press of Colorado, Boulder.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 1981. Mapa etno-histórico de Curt Nimuendajú. IBGE, Rio de Janeiro.

Lathrap, D.W. 1970. The Upper Amazon. Ancient Peoples and Places. Thames & Hudson, London.

Lathrap, D.W. 1972. Alternative models of population movements in the tropical lowlands of South America. In: Actas y Memorias del XXXIX Congreso Internacional de Americanistas, 1972, Lima.

Lévi-Strauss, C. 2010. A oleira ciumenta. Edições 70, Lisboa.

Lightfoot, K.G. 1995. Culture contact studies: Redefining the relationship between prehistoric and historical archaeology. American antiquity, 60(2), 199-217.

Lopes, R. A. 2018. A Tradição Polícroma da Amazônia no contexto do médio rio Solimões. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de Sergipe, Aracaju.

Meggers, B.J. 1971. Amazonia: Man and Culture in a Counterfeit Paradise. Aldine Atherton, Chicago. Meggers, B.J. 1979. Climatic oscillation as a factor in the prehistory of Amazonia. American Antiquity 44(2): 252-266.

Meggers, B.J. 1992. Prehistoric population density in the Amazon Basin. In: Verano, J.W.; Ubelaker, D.H. (Eds.). Disease and Demography in the Americas. Smithsonian Institution Press, Washington, 197-205.

Meggers, B.J. 2001. The continuing quest for El Dorado: round two. Latin American Antiquity 12(3): 304-325.

Meggers, B.J.; Evans, C. 1957. Archaeological investigations at the mouth of the Amazon. Smithsonian Institution Bulletin 167: 1-664.

Meggers, B.; Evans, C. 2013. An Experimental Formulation of Horizon Styles in the Tropical Forest Area of South America. In: Lothrop, S.K. Essays in Pre-Columbian Art and Archaeology. Harvard University Press, Cambridge, 372-388.

Monteiro, J.M. 1994. Negros da terra. Companhia das Letras, São Paulo.

Moraes, C.P. 2013. Amazônia ano 1000: territorialidade e conflito no tempo das chefias regionais. Tese de doutorado. Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo, São Paulo.

Neves, E.G. 2012. Sob os tempos do Equinócio: oito mil anos de História na Amazônia Central (6.500 AC – 1.500 DC). Tese de livre-docência. Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo, São Paulo.

Neves, E.G.; Heckenberger, M.J. 2019. The call of the wild: rethinking food production in Ancient Amazonia. Annual Review of Anthropology 48: 371-388.

Nimuendajú, C. 1953. Os Tapajó. Revista de Antropologia 1(1): 53-61.

Noelli, F.S., Ferreira, L.M. 2007. A persistência da teoria da degeneração indígena e do colonialismo nos fundamentos da arqueologia brasileira. História, Ciências, Saúde-Manguinhos 14(4): 1239-1264.

Pesavento, S.J. 2003. O mundo como texto: leituras da História e da Literatura. History of Education Journal 7(14): 31-45.

Porro, A. 1996. O povo das águas: ensaios de etnohistória amazônica. Edusp, São Paulo.

Porro, A. 2007. Dicionário etno-histórico da Amazônia colonial. Edusp, São Paulo.

Ribeiro, A.T.B. 2009. Text, Narrative, Evidence: Travel Writings and Archaeological Perspectives of Amazonia. Archaeological review from Cambridge 24(1): 171-185.

Rodrigues, J.B. 1892. Antiguidades do Amazonas. Vellosia 2: 1-40.

Roosevelt, A.C. 1991. Moundbuilders of the Amazon: Geophysical Archaeology on Marajó Island, Brazil. Academic Press, San Diego.

Roosevelt, A.C. 1992. Secrets of the forest: An archaeologist reappraises the past and future of Amazonia. Sciences 32(6): 22–28.

Roosevelt, A.C. 1993. The rise and fall of the Amazon chiefdoms. L’Homme 33(126): 255-283.

Saunaluoma, S. et al. 2020. Patterned Villagescapes and Road Networks in Ancient Southwestern Amazonia. Latin American Antiquity 32(1): 173-187.

Schaan, D. 2010. Sobre os cacicados Amazônicos: sua vida breve e sua morte anunciada. Jangwa Pana 9(1): 45-64.

Schaan, D.P. 2016. Sacred geographies of ancient Amazonia: historical ecology of social complexity. Routledge, Abingdon.

Shanks, M. 2016. The archaeological imagination. Routledge, Abingdon.

Silliman, S.W. 2012. Between the Longue Durée and the Short Purée: Postcolonial Archaelogies of Indigenous History in Colonial North America. In: Oland, M., Hart, S.; Frink, L. (Eds.). Decolonizing indigenous histories: exploring prehistoric/colonial transitions in archaeology. University of Arizona Press, Tucson, 113-133.

Tamanaha, E.K. 2012. Ocupação polícroma no baixo e médio rio Solimões, estado do Amazonas. Tese de doutorado. Universidade de São Paulo, São Paulo.

Ugarte, A.S. 2009. Sertões de bárbaros: o mundo natural e as sociedades indígenas da Amazônia na visão dos cronistas ibéricos (séculos XVI-XVII). Valer, Manaus.

Vázquez, F. 1881 [1562]. Relación de todo lo que sucedió en la jornada de Omagua y Dorado, hecha por el Gobernador Pedro de Orsúa. Biblioteca Nacional de España, Madrid.

Whitehead, N.L. 1993. Ethnic transformation and historical discontinuity in native Amazonia and Guayana, 1500-1900. L’Homme 33(126/128): 285-305.

Whitehead, N.L. 1994. The ancient Amerindian polities of the Amazon, the Orinoco, and the Atlantic coast: a preliminary analysis of their passage from antiquity to extinction. In: Roosevelt, A. (Ed.). Amazonian Indians from prehistory to the present: anthropological perspectives. University of Arizona Press, Tucson, 33-53.

Wilkie, L. 2006. Documentary Archaeology. In: Hicks, D.; Beaudry, M.C. (Eds.). The Cambridge Companion to Historical Archaeology. Cambridge University Press, Cambridge, 13-33.

Downloads

Publicado

2021-08-12

Edição

Seção

Dossiê

Como Citar

LOPES, Rafael de Almeida. Crônicas amazônicas e trocas indígenas: caminhos para uma arqueologia documental do Médio Solimões nos séculos XVI e XVII. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Brasil, n. 36, p. 162–188, 2021. DOI: 10.11606/issn.2448-1750.revmae.2021.163764. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revmae/article/view/163764.. Acesso em: 18 abr. 2024.