O ritual do Kiki do povo Kaingang: cultura material de um ritual religioso indígena no Brasil Meridional

Autores

  • Isabella Brandão de Queiroz Instituto Politécnico de Tomar
  • Jaisson Teixeira Lino Universidade Federal da Fronteira Sul

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2448-1750.revmae.2021.172880

Palavras-chave:

Cultura material, História indígena, Etnoarqueologia, Ritual do Kiki, Povo Kaingang

Resumo

O Ritual do Kiki é um ritual de culto aos mortos dos Kaingang, etnia indígena do sul e sudeste do Brasil. No período pré-colonial, o ritual era performado anualmente com o objetivo de fornecer aos mortos uma boa transição ao numbê (o mundo dos mortos). Entretanto, com o processo de colonização do Brasil e a consequente catequização imposta aos indígenas, o Kiki parou de ser realizado. Na década de 1970, os Kaingang readotaram o ritual como forma de resistência cultural e identitária aos não indígenas. O último ritual até então realizado aconteceu na Aldeia Condá em 2011, gerando a presente análise etnoarqueológica que visa apontar a centralidade e o significado que a cultura material apresenta no ritual e na vida cotidiana do povo Kaingang.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Isabella Brandão de Queiroz, Instituto Politécnico de Tomar

    Licenciada em História pela Universidade Federal da Fronteira Sul (Brasil). Mestrado em Arqueologia Pré-Histórica e Arte Rupestre pelo Instituto Politécnico de Tomar (Portugal).

  • Jaisson Teixeira Lino, Universidade Federal da Fronteira Sul

    Possui graduação em História pela Universidade do Extremo Sul Catarinense, especialização em Arqueologia pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai (URI), Mestrado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2007) e doutorado pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto-Douro(UTAD) de Portugal, com reconhecimento de diploma no Brasil pela Universidade de São Paulo e Pós-Doutorado pela Universidade de Amsterdã, Holanda. Atualmente é professor adjunto IV da Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS, campus de Chapecó-SC. 

Referências

Baldus, H. 1979. O culto aos mortos entre os Kaingang de Palmas. In: Baldus, H. Ensaios de Etnologia Brasileira. Editora Nacional, São Paulo, 8-33.

Borba, T. 1908. Actualidade Indígena. Impressora Paranaense, Curitiba. Brasil. 2016. Constituição da República Federativa do Brasil. Imprensa do Senado, Brasília.

Cunha, M.C. 1992. Política indigenista no século XIX. In: Cunha, M. C. (org.) História dos Índios no Brasil. Companhia das Letras, São Paulo, 133-154.

Funari, P.P. 2003. Arqueologia. Contexto, São Paulo.

González-Ruibal, A. 2003. La Experiencia del Otro: una introducción a la etnoarqueología. Akal, Madrid.

Hamilakis, Y.; Anagnostopoulos, A. 2009. What is Archaeological Ethnography? Public Archaeology:Archaeological Ethnographies 8: 65-87.

Lacerda, R.F. 1998. Terras para a Aldeia Kondá: considerações jurídico-legais sobre o caso das famílias Kaingang residentes na cidade de Chapecó – Santa Catarina. CIMI, Brasília.

Lino, J.T. 2015. O povoamento indígena no sul do Brasil: as contribuições da arqueologia e da história. In: Radin, J. C.; Valentini, D. J.; Zarth, P. A. (Orgs.). História da Fronteira Sul. Letra & Vida, Porto Alegre, 92-108.

Mabilde, P. 1983. Apontamentos sobre os indígenas selvagens da nação Coroados dos matos da província do Rio Grande do Sul. Ibrasa, São Paulo.

Nacke, A.; Bloemer, N.M.S. 2007. As áreas indígenas Kaingang no oeste catarinense. In: Nacke, A. et al. (Orgs.). Os Kaingang no Oeste Catarinense. Argos, Chapecó, 43-78.

Noelli, F.S. 1999-2000. A ocupação humana na região sul do Brasil. Revista Usp 44: 218-269.

Pinheiro, M.H. 2013. A Emergência do Ritual do Kiki no Contexto Contemporâneo. Master thesis in Anthropology. Universidade Federal do Paraná, Curitiba.

Pohl, A.; Milder, S. 2008. Representações visuais da cestaria Kaingang na Terra Indígena Carreteiro: o grafismo e seus significados. Vestígios do Passado: a história e suas fontes 28: 1-14.

Politis, G. 2015. Reflexions on Contemporary Ethnoarchaeology. Pyrenae, 46: 41-83.

Ribeiro, D. 1986. Arte Índia. In: Ribeiro, D. et al. Suma Etnológica Brasileira 3.

Sindicato Nacional dos Editores de Livros, Rio de Janeiro, 1-64.

Silva, F. 2009. Etnoarqueologia: uma perspectiva arqueológica para o estudo da cultura material. Métis: história e cultura 16: 121-139.

Souza, A.A. 2016. Armas, pólvora e chumbo. Editora Unicentro, Guarapuava; Editora UFPR, Curitiba.

Tommasino, K. et al. 1999. Eleição da Área para os Kaingang da Aldeia Kondá. Ministério da Justiça; Relatório da Funai, Chapecó.

Vitorino, C.; Goldschmidt I. (Production and Direction). 2011. Kiki, o ritual da resistência Kaingang. Margot Produções, Chapecó.

Veiga, J. 2000a. A retomada da festa do Kikikoi no PI Xapecó e a relação desse ritual com os mitos Kaingang. In: Mota, L.; Noelli, F.; Tommasino, K. Uri e Wãxi: Estudos Interdisciplinares dos Kaingang. Eduel, Londrina, 261-292.

Veiga, J. 2000b. Cosmologia e práticas rituais Kaingang. PhD thesis in Anthropology. Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

Veiga, J. 2004. Cosmologia Kaingang e suas práticas rituais. In: Tommasino, K.; Mota, L.; Noelli, F. Novas contribuições aos estudos interdisciplinares dos Kaingang. Eduel, Londrina, 269-284.

Downloads

Publicado

2021-08-12

Edição

Seção

Artigos livres

Como Citar

QUEIROZ, Isabella Brandão de; LINO, Jaisson Teixeira. O ritual do Kiki do povo Kaingang: cultura material de um ritual religioso indígena no Brasil Meridional. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Brasil, n. 36, p. 46–56, 2021. DOI: 10.11606/issn.2448-1750.revmae.2021.172880. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revmae/article/view/172880.. Acesso em: 24 abr. 2024.