Hobbes e os fundamentos do sistema legal codificado: a construção do cogito e dos corpos políticos como pessoas, as origens da civil law e da análise utilitarista/econômica do direito

Autores

  • José Raymundo Novaes Chiappin Universidade de São Paulo. Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
  • Ana Carolina Corrêa da Costa Leister Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Política, Economia e Negócios

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2318-8235.v112i0p345-386

Palavras-chave:

Civil Law, Common Law, Pessoa Artificial, Corpos Políticos, Análise Utilitarista/Econômica, Cogito, Sujeito de Direito e Obrigações, Mecanismos Institucionais.

Resumo

O artigo foca na tese de que o sistema legal codificado, a civil law, é tecnologia produzida por Hobbes do direito como ciência do artificial, como a geometria. A civil law deve substituir a common law. A common law é resultado de uma atividade artesanal baseada na prática e na experiência dependente de homens virtuosos. A civil law é construída para ser compatível com a concepção de Hobbes do Estado como representado por um soberano, construído como pessoa, com poder supremo, para produzir leis como comandos. Ela tem base na ontologia do cogito, agente racional e autônomo. Hobbes desenvolve um método para fazer a escolha racional de uma ação pela avaliação das suas consequências ou efeitos. Ele é usado para elaborar a legislação como racional, particularmente, a penal. O Estado e a civil law transformam o cogito em pessoa, sujeito capaz de direitos e obrigações. O cogito e a pessoa natural são modelos para instituição do corpo político como pessoa artificial. As corporações tornam-se responsáveis por suas ações. Há empenho para alinhar o interesse privado com o público e regular os corpos políticos para evitar que o primeiro se aproprie do segundo. A civil law constrói o Estado como máquina de precisão entre “too much authority” e “great liberty”.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • José Raymundo Novaes Chiappin, Universidade de São Paulo. Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade

    Professor Associado do Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo.

  • Ana Carolina Corrêa da Costa Leister, Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Política, Economia e Negócios

    Professora Adjunta da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios da Universidade Federal de São Paulo.

Referências

BECKER, Gary Stanley. Crime and punishment: an economic approach. Journal of Political Economy, Chicago, v. 76, n. 2, p. 169-217, Mar.-Apr. 1968.

______. Essays in the economics of crime and punishment. (Human behavior and social institutions). New York: Columbia University Press, 1974.

______. The economic approach to human behavior. Chicago: University of Chicago Press, 1976.

BENTHAM, Jeremy. The works of Jeremy Bentham. Edinburgh: William Tait, 1843.

BERGEL, Jean Louis. Principal features and methods of codification. Louisiana Law Review, Baton Rouge, v. 48, n. 5. May 1988.

BURNETT, D. Graham. Descartes and the hyperbolic quest. Lens making machines and their significance in the Seventeenth Century. New York: Amer Philosophical Society, April 2005.

CHIAPPIN, José Raymundo Novaes. Racionalidade, Decisão, Solução de Problemas e o Programa Racionalista. Ciência e Filosofia, São Paulo, n. 5. p. 155-219, 1996. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/cienciaefilosofia/article/view/105315>. Acesso em: 15 maio 2017.

CHIAPPIN, José Raymundo Novaes; LEISTER, Ana Carolina Corrêa da Costa. A reconstrução racional do programa de pesquisa do racionalismo clássico sob a perspectiva da abordagem de solução de problemas. Discurso, São Paulo, v. 39, 2009.

______; ______. Contratualismo, utilitarismo, a emergência do indivíduo e da cooperação I: Os fundamentos metodológicos e metafísicos das instituições do Estado e do Mercado. Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 109, p. 485-523, jan./dez. 2014.

______; ______. O contratualismo como método: política, direito e neocontratualismo. Revista de Sociologia e Política, Curitiba, v. 18, n. 35, fev. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-44782010000100002>. Acesso em: 17 mar. 2017.

______; ______. Uma reconstrução racional do programa de pesquisa do racionalismo neoclássico: os subprogramas do convencionalismo/pragmatismo (Poincaré) e do realismo estrutural convergente (Duhem). Trans/Form/Ação, Marília, v. 34, n. 2, p. 103-134, 2011.

______; ______. Experimento mental I: o problema da emergência da cooperação e o modelo da tragédia dos comuns - Hobbes, os fundamentos do Estado e a emergência do indivíduo como pessoa. Economic Analysis of Law Review, Brasília, v. 7, n. 1, p. 291-315, jan./jun., 2016a. Disponível em: <https://portalrevistas.ucb.br/index.php/EALR/article/view/4198/pdf>. Acesso em: 10 abr. 2017.

______; ______. A new origin for the law, politics and economics of institutions. Classical contractualism and utilitarianism programs of the emergence of cooperation and their social and political technologies - the institutions of the State, of the Corporation and of the Market - for the construction of the Nation-State. No prelo, 2017a.

______; ______. O programa utilitarista, a teoria das formas do governo e do Estado de Hobbes e da corporação como pessoa. Do Estado como corporação à teoria da responsabilidade e ao conflito de interesses. No prelo, 2017b.

______; ______. O programa utilitarista e a ciência do artificial do Estado de Hobbes. Da pessoa como representação, das corporações e do Estado como pessoa às origens da análise econômica e aos problemas da captura e de agência. Revista Política Hoje, Recife, v. 26, n. 2, p. 38-96, dez. 2017c.

COKE, E. The selected writings and speeches of Sir Edward Coke. Indianapolis: Liberty Fund, 2003. Disponível em: <http://files.libertyfund.org/files/911/0462-01_LFeBk.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2017.

DEN HERTOG, Johan. Review of economic theories of regulation. Utrecht: Tjalling C. Koopmans Research Institute, 2010. (Discussion Paper Series n. 10-18).

DESCARTES, René. Meditações metafísicas. São Paulo: Nova Cultural, 1996.

______. Oeuvres de Descartes. Meditations et principes. Paris: C. Adam & P. Tannery, 1904. v. 9. Disponível em: <https://archive.org/stream/uvresdedescartes09desc#page/n9/mode/2up/search/machines>. Acesso em: 2 mar. 2017.

DESCARTES, René. Regras para a direção do espírito. Tradução de João Gama. Lisboa: Edições 70, 1997. Disponível em: <http://charlezine.com.br/wp-content/uploads/Regras-para-a-Dire%C3%A7%C3%A3o-do-Esp%C3%ADrito-Descartes.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2017.

HEMPEL, Carl Gustav. Filosofia da ciência natural. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1974.

HOBBES, Thomas. Leviathan. Part 1: Man. July 2004. Disponível em: <http://www.earlymoderntexts.com/assets/pdfs/hobbes1651part1_2.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2017.

______. Leviathan. Part 2: Commonwealth. August 2007. Disponível em: <http://www.earlymoderntexts.com/assets/pdfs/hobbes1651part2.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2017.

______. Leviathan. Renascence Editions, University of Oregon, 1999. Disponível em: <https://scholarsbank.uoregon.edu/xmlui/bitstream/handle/1794/748/leviathan.pdf>. Acesso em: 26 mar. 2017.

______. The elements of law, natural and politic. 1640. Disponível em: <http://intersci.ss.uci.edu/wiki/eBooks/BOOKS/Hobbes/Elements%20of%20Law%20Hobbes.pdf>. Acesso em: 10 de maio 2017.

______. The english works of Thomas Hobbes of Malmesbury. London: John Bohn, 1839. v. 1. Disponível em: <https://archive.org/details/englishworkstho21hobbgoog>. Acesso em: 26 mar. 2017.

______. The english works of Thomas Hobbes of Malmesbury. London: John Bohn, 1839. v. 3. Disponível em: <https://archive.org/stream/englishworksofth029528mbp#page/n9/mode/2up>. Acesso em: 27 de maio 2017.

______. The english works of Thomas Hobbes of Malmesbury. London: John Bohn, 1840. v. 4. Disponível em: <https://archive.org/details/englishworksofth029531mbp>. Acesso em: 28 mar. 2017.

______. The english works of Thomas Hobbes of Malmesbury. London: John Bohn, 1840. v. 6. Disponível em: <https://archive.org/details/englishworksofth029531mbp>. Acesso em: 28 mar. 2017.

______. The english works of Thomas Hobbes of Malmesbury. London: John Bohn, 1845. v. 7. Disponível em: <https://archive.org/details/englishworkstho31hobbgoog>. Acesso em: 28 mar. 2017.

KOYRÉ, Alexandre. Études Galilléenes. Paris: Hermann, 1966.

LARANJEIRAS, C.; CHIAPPIN, José Raymundo Novaes. The heuristic of representation in science: the mechanism and mathematical principles in physics of Descartes and Fermat. Revista Brasileira de Ensino de Física, São Paulo, v. 39, n. 4. 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-11172017000400702&lng=en&nrm=iso&tlng=en>. Acesso em: 27 maio 2017.

LEISTER, Ana Carolina Corrêa da Costa. Social choice e public choice: o problema da agregação e o cálculo das regras de decisão coletiva como fórmulas de alocação/distribuição de recursos. 2005. Tese (Doutorado em Filosofia) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Sociais, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

______; ______. A teoria evolucionária e utilitarista de Hume do governo constitucional: solução institucional para o problema da emergência e estabilidade da cooperação entre indivíduos interagentes. Revista de Direito Constitucional e Internacional, v. 23, n. 91, p. 459-521, abr./jun. 2015.

______; ______. O programa contratualista clássico e o problema da cooperação: Hobbes e os fundamentos de um governo constitucional e de uma sociedade justa. Revista Brasileira de Direito Constitucional - RBDC, v. 20, p. 57-82, 2012.

______; ______. O programa de pesquisa sobre a política e o direito como ciência e o problema das condições de emergência e estabilidade da cooperação entre indivíduos interagentes: a construção do Estado de Direito e o núcleo teórico do contratualismo. Revista do Instituto dos Advogados de São Paulo, São Paulo, v. 13, n. 25, p. 110-139, jan./jun. 2010a.

______; ______. O programa de pesquisa sobre a política e o direito como ciência e o problema das condições de emergência e estabilidade da cooperação entre indivíduos interagentes: a Construção do Estado de Direito e a heurística do contratualismo. Revista do Instituto dos Advogados de São Paulo, São Paulo, v. 23, n. 26, p. 42-64, jul./dez. 2010b.

______; ______. Experimento mental II: a concepção contratualista clássica, o modelo da tragédia dos comuns e as condições de emergência da cooperação - Locke, Rousseau, Kant e Rawls. Economic Analysis of Law Review, Brasília, v. 7 n. 2, p. 714-736, jul./dez. 2016a. Disponível em: <https://portalrevistas.ucb.br/index.php/EALR/article/view/4199>. Acesso em: 10 mar. 2017.

MYSZKA, David H. Machines & mechanisms. Applied kinematic analysis. 4. ed. New York: Pearson, 2012.

NORTH, Douglass C. Institutions, institutional change and economic performance. London: Cambridge University Press, 1990.

SIMON, Herbert A. The sciences of the artificial. 3. ed. Cambridge: MIT Press, 1996.

VEBLEN, Thorstein. The theory of the leisure class: an economic study of institutions. New York: The MacMillan Company, 1915. Disponível em: <https://archive.org/details/theoryofleisurec00vebliala>. Acesso em: 4 jun. 2017.

WILSON, Raymond. N. Reflecting telescope optics I. Berlin: Springer, 2007.

Downloads

Publicado

2018-08-28

Edição

Seção

Trabalhos Acadêmicos

Como Citar

Hobbes e os fundamentos do sistema legal codificado: a construção do cogito e dos corpos políticos como pessoas, as origens da civil law e da análise utilitarista/econômica do direito. (2018). Revista Da Faculdade De Direito, Universidade De São Paulo, 112, 345-386. https://doi.org/10.11606/issn.2318-8235.v112i0p345-386