Política criminal, constituição e processo penal: razões da caminhada brasileira para a institucionalização do caos

Autores

  • Maurício Zanoide de Moraes Universidade de São Paulo. Faculdade de Direito

Palavras-chave:

Política criminal, Processo penal, Constituição, Tratados internacionais, Legitimidade do sistema punitivo, Crise de legitimidade, Direito criminal, Política e sociedade, Poder político.

Resumo

O Estado brasileiro passa por um instante de aguda crise de legitimidade em sua política criminal. Esta situação ficou evidenciada pela falta de controle eficaz e preventivo da segurança pública, notadamente nos grandes centros urbanos. Portanto, imperioso analisar em que consiste uma política criminal, de onde ela nasce, qual seu conteúdo e sua finalidade. Assentadas essas premissas, verificou-se que não há uma verdadeira política criminal brasileira. Com isso, foram expostas as principais causas e conseqüências da inexistência dessa política criminal, para daí extrair-se que a principal barreira a ser vencida é a falta de legitimidade que hoje sofrem as instituições públicas que atuam na esfera criminal. Para a busca dessa legitimidade perdida, não há melhor pressuposto legal que os princípios fundantes de nossa atual Constituição, complementado pelos Tratados Internacionais de Direitos Humanos incorporados em nosso ordenamento. Com essa base epistemológica, a participação popular deve ser agregada à formação de uma política criminal para a área do processo penal, nos moldes das experiências de outros países, por meio de uma pauta de princípios estabelecidos pelo Poder Legislativo (lei delegante ou-não) a serem cumpridos por uma comissão de técnicos responsáveis pela redação de um novo Código de Processo Penal.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Maurício Zanoide de Moraes, Universidade de São Paulo. Faculdade de Direito

    Professor Doutor de Processo Penal do Departamento de Direito Processual da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Presidente do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais. Advogado Criminal.

Referências

BATISTA, Nilo. A política criminal d´A Utopia e a Maldição de Hedionduras. In: Novas tendências do direito penal. Rio de Janeiro: Revan, 2004.

BINDER, Alberto M. Política criminal de la formulación a la práxis. Buenos Aires: Ad-Hoc, 1997.

______. Iniciación al proceso penal acusatório. Buenos Aires: Campomanes Libros, 2000.

BOBBIO, Norberto [et al.]. Dicionário de política. Tradução Carmem C. Varrialle, Gaetano Lo Mônaco, João Ferreira, Luís Guerreiro Pinto Cascais e Renzo Dini. 5. ed. Brasília: UNB, 2004, v. I.

COMTE-SPONVILLE, André. Dicionário Filosófico. Tradução Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

CHOUKR, Fauzi Hassan. Processo penal de emergência. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2002.

DELMAS-MARTY, Mireille. Os grandes sistemas de política criminal. Tradução Denise Radanovic Vieira. São Paulo: Manole, 2004.

FILOMENO, José Geraldo Brito. Teoria geral do estado e ciência política. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária. 2001.

FARIA, José Eduardo. Poder e legitimidade. São Paulo: Perspectiva, 1978.

FRANCO, Alberto Silva [et al.]. Código de processo penal e sua interpretação jurisprudencial – doutrina e jurisprudência. 2. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004.

GALVÃO, Fernando. Política criminal. Belo Horizonte: Mandamentos, 2000.

MOCCIA, Sérgio. La perenne emergenza: tendenze autoritarie nel sistema penale. Nápoles: Ed. Scientifiche Italiane, 1997.

______. Emergência e defesa dos direitos fundamentais. Revista Brasileira de Ciências Criminais, n. 25, p. 58-91, jan./mar. 1999.

SCHMIDT, Joël. Dicionário de mitologia grega e romana. Tradução João Domingos. Lisboa: Edições 70, 1994.

ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Política criminal latinoamericana: perspectivas e disyuntivas. Buenos Aires: Hammurabi, 1982.

Downloads

Publicado

2006-01-01

Edição

Seção

Não definido

Como Citar

Política criminal, constituição e processo penal: razões da caminhada brasileira para a institucionalização do caos. (2006). Revista Da Faculdade De Direito, Universidade De São Paulo, 101, 403-430. https://www.revistas.usp.br/rfdusp/article/view/67712