A luta de gerações e os problemas da educação: velhos e jovens no teatro de Aristófanes

Autores

  • Gilda Maria Reale Starzynski

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0102-25551981000200001

Resumo

Em nosso relatório, decidimos apresentar o desenvolvimento de nossas investigações e respectivos resultados de vários intens. Desejamos esclarecer que tal divisão nos pareceu mais cômoda, como um recurso didático, a fim de possibilitar uma ordenação mais precisa dos dados coligidos e mais clareza na apresentação de nossas várias observações e conclusões. Na realidade, os itens não constituem compartimentos estanques, pois que, em todos os momentos da pesquisa, sempre tivemos, diante dos olhos, o quadro geral dos problemas. As questões se interpenetram, daí a necessidade de um constante processo de verificação e confrontos cruzados. Cientes de que nossa pesquisa, enquadra dentro do campo da investigação das ciências da educação, devia chegar à discussão dos aspectos pedagógicos da comédia grega, chegamos à conclusão de que seria impossível orientar qualquer discussão, sem antes examinar os próprios conceitos do riso, cômico, comédia. Daí termos iniciado nosso trabalho com o estudo da Problemática do riso e do cômico (item I). Considerando que o objeto inicial de nossa pesquisa era o teatro de Aristófanes, um capítulo da chamada comédia ática antiga, que se desenvolveu em Atenas no século V a.C., chegamos à conclusão de que seria impossível qualquer estudo mais profundo, sem cuidadoso exame de sua situação no tempo e no espaço. Ao mesmo tempo que procurávamos caracterizar esse gênero cômico, indo buscá-lo em suas origens mais remotas - o komos e a Festa, (item V - As origens da comédia antiga - a Festa), buscamos também apresentá-lo com suas peculiaridades, na forma e no espírito, que tornam a comédia ática antiga, de fato, um tipo de teatro engajado, didático (item IV A comédia ática antiga). Essa pesquisa, é claro, correu paralelamente com as investigações sobre a sociedade em que nasceu e morreu esse gênero cômico tão característico, tanto mais que os poetas se atribuíam o papel de mestres de seu povo. Daí nossa preocupação com o estatuto do estado ateniense no sec. V a.C., detendo-nos no exame de três questões fundamentais: a) a crise das instituições; b) o papel dos sofistas; c) a família: (item II O estado ateniense no sec. V a.C. A crise das instituições. Os sofistas e item III. As instituições atenienses. A família). Depois, chegamos a nossas conclusões sobre a Função crítica e a credibilidade da comédia ática antiga (item IV), procurando demonstrar em que sentido se realizou essa função paidêutica da comédia, dentro dos limites da polis ateniense e conforme os objetivos que os propósitos poetas cômicos se propunham a atingir. Decidimos, por fim, concentrar-nos no problema do conflito das gerações, limitando-nos ao estudo do relacionamento pai-filho, pois seria impossível um estudo que abrangesse toda a discussão do conflito velhos e jovens, dentro do acervo imenso dos fragmentos e da própria quantidade do material, que podemos encontrar na obra de Aristófanes (item VII. O conflito das gerações. Pais e filhos no teatro de Aristófanes). Ao fim de nossas investigações chegamos à conclusão de que não é possível atribuir, como o pretende a maioria dos críticos, uma opinião decidida de Aristófanes a favor dos mais velhos, no caso, o pai. Sua atitude varia conforme o exige a economia da peça, mas sentimos que, apesar das aparências, e de seu apego às tradições, a simpatia do poeta pende para o lado dos filhos, que muitas vezes se revelam bem mais sensatos e sinceros do que a matreirice e dissimulação dos pais.

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Publicado

1981-12-01

Edição

Seção

Relatório de Pesquisa