Escola Sem Partido e Ideologia de Gênero: reflexões sobre a educação e a luta pela construção de uma sociedade justa

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2237-1095.v9p162-178

Palavras-chave:

Educação, Gênero, Desigualdade, Sociedade, Política

Resumo

Este artigo é resultado do esforço coletivo para a conclusão de uma disciplina de Preparação Pedagógica para o Ensino Superior, cuja sugestão foi um debate focado no eixo Educação e Gênero. A partir desta proposta, pretendemos problematizar o discurso da Escola sem Partido, projeto de lei que se diz politicamente neutro, mas se mostra, pelo contrário, aderido ao combate da chamada ideologia de gênero, carregando valores de moral e religião bem específicos, característicos de uma visão conservadora e de perpetuação das desigualdades de gênero. Para a discussão, retomamos principalmente a concepção da educação enquanto prática emancipadora, tal qual abordada por Adorno e Paulo Freire, pois ambos supõem sujeitos ativos e questionadores, potencialmente transformadores da sociedade e, portanto, com potencial para a superação do sexismo e machismo. Como conclusão, reafirmamos a educação como lócus privilegiado e fundamental para que possamos avançar em tantas questões relativas à violência e discriminações estruturais entre homens e mulheres.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Neiza Cristina Santos Batista, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa. Setor de Prospecção e Avaliação de Tecnologias

    Graduada em Psicologia pela Universidade Estadual de Londrina, Londrina PR, Brasil; especialização em Gestão Pública pela Faculdade Estadual de Ciências Econômicas de Apucarana, Apucarana, PR, Brasil; mestre em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil, e doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil. Atua como Analista em Desenvolvimento Humano e Social da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária no Setor de Prospecção e Avaliação de Tecnologias que integra a Área de Transferência de Tecnologias, Salvador, Bahia, Brasil.

  • Lou Muniz Atem, Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública. Departamento de Saúde Materno Infantil

    Graduada em Psicologia Possui graduação em Psicologia e mestre em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil; especialista em Psicopatologia do Bebê pela Universidade Paris Nord 13 – Paris, França; doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública e pesquisadora do Laboratório de Saúde Mental Coletiva da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.

  • Felipe de Almeida Kurosaki Gemelgo, Universidade de São Paulo.Programa Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades

    Mestrando em Ciências Humanas pela Universidade de São Paulo (USP), no Programa Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades. Terapeuta Ocupacional graduado também pela USP, com período de intercâmbio (graduação sanduíche) na University of Limerick / Irlanda, financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Tem experiência em Saúde Mental e Atenção Psicossocial. Tem interesse, principalmente, nos seguintes temas: saúde e sociedade; saúde mental e atenção psicossocial; estratégias para o enfrentamento de violências e opressões; diversidades; direitos sociais e humanos; formação de consciência política; e formação de recursos humanos em saúde, educação e assistência social.

     
  • Lucila de Jesus Mello Gonçalves, Universidade de São Paulo. Instituto de Psicologia. Departamento de Psicologia Social

    Graduada em Psicologia e mestra em Saúde Pública e doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil; especialização em Psicologia da Saúde pela Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil

  • Ligia Rufine Nolasco, Universidade de São Paulo. Instituto de Psicologia. Departamento de Psicologia Clínica

    Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista, Araraquara, SP, Brasil, e em Psicologia pela Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, Brasil; mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e do Laboratório de Psicanálise e Sociedade da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.

  • Renato Otaviano do Rego, Universidade de São Paulo

    Médico Veterinário graduado pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Mossoró, RN, Brasil; mestre pelo programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande, PB, Brasil;. doutorando no Programa de Pós-graduação em Clínica Cirúrgica Veterinária da Universidade de São Paulo., São Paulo, SP, Brasil.

     

Referências

Adorno, Theodor W. (1995). Educação após Auschwitz. Em: Educação e Emancipação. 3ª Ed. São Paulo: Paz e Terra. Tradução de Wolfgang Leo Maar. p. 119-154.

Appadurai, Arjun. (2009). O medo ao pequeno número: ensaio sobre a geografia da raiva. São Paulo: Iluminuras.

Conselho Nacional de Combate à Discriminação. (2004). Brasil Sem Homofobia: programa de combate à violência e à discriminação contra GLBT e promoção da cidadania homossexual. Brasília: Ministério da Saúde. Acesso em 13 de maio de 2018 de: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/brasil_sem_homofobia.pdf

FBSP – Fórum Brasileiro de Segurança Pública. (2018). Atlas da Violência 2018. Rio de Janeiro, RJ: IPEA e FBSP. Acessado em 30 de abril de 2018, de http://www.forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2018/06/FBSP_Atlas_da_Violencia_2018_Relatorio.pdf

Projeto de lei do senado Nº 193, de 2016. Inclui entre as diretrizes e bases da educação nacional, de que trata a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, o "Programa Escola sem Partido". DF: Magno Malta. Acessado em 26 de março de 2018, de: https://legis.senado.leg.br/sdleg-getter/documento?dm=3410752&disposition=inline

Conselho nacional de justiça - CNJ. (2017). O Poder Judiciário na Aplicação da Lei Maria da Penha. Brasília, DF: CNJ. Acessado em 14 de maio de 2018, de http://www.cnj.jus.br/files/conteudo/arquivo/2017/10/ba9a59b474f22bbdbf7cd4f7e3829aa6.pdf

Escola Sem Partido. (2018, 28 demarço). Homepage do Movimento. Acessado em 30 de Abril de 2018, de: http://www.escolasempartido.org/

Freire, Paulo. (1970). Pedagogia do oprimido. 7.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

Freire, Paulo. (1979). Educação e Mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. (2018) Estatísticas de Gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil. Homepage da Instituição. Acessado em 30 de Abril de 2018, de: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101551_informativo.pdf

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Brasil em Síntese. Homepage da Instituição. Acessado em 30 de Abril de 2018, de: https://brasilemsintese.ibge.gov.br/populacao/distribuicao-da-populacao-por-sexo.html

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Estatísticas de Gênero: uma análise dos resultados do censo demográfico 2010. Homepage da Instituição. Rio de Janeiro, RJ: IBGE. Acessado em 30 de Abril de 2018, de: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv88941.pdf

Leão, Andreza M. C. e cols. (2007). O machismo dissimulado pela sofisticação: estudo analítico-descritivo da Revista Playboy. Cadernos de formação cultural: experiências e teorias. (4), 75-94.

Macedo, Elizabeth. (2017). As demandas conservadoras do movimento escola sem partido e a base nacional curricular comum. Educação & Sociedade, 38(139), 507-524. Acessado em: 13 de maio de 2018, de: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302017000200507&lng=pt&tlng=pt

Miskolci, Richard, & Campana, Maximiliano. (2017). “Ideologia de gênero”: notas para a genealogia de um pânico moral contemporâneo. Sociedade e Estado, 32(3), 725-748. Acessado em: 15 de maio de 2018, de: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69922017000300725&lng=pt&tlng=pt

Moura, Fernanda Pereira de. (2016). “Escola sem Partido”: relações entre Estado, educação e religião e os impactos no ensino de História. Dissertação (Mestrado). Instituto de História, Programa de Pós-Graduação em Ensino de História. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: RJ.

Luna, Naara. (2017). A criminalização da “ideologia de gênero”: uma análise do debate sobre diversidade sexual na Câmara dos Deputados em 2015. Cadernos Pagu, (50), s.p. Acesso em 19 de maio de 2018, de: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-83332017000200311&lng=pt&tlng=pt

Rosemberg, Fúlvia. (1994). Educação e Gênero no Brasil. Projeto História. (11) 7-15.

Safatle, Vladimir. (2016). O circuito dos afetos: corpos políticos, desamparo e o fim do indivíduo. 2ª ed. São Paulo, SP: Autêntica Editora.

Silva, Alessandro Soares da. (2007a). Direitos Humanos e Lugares Minoritários: um convite ao pensar sobre processos de exclusão na escola. Em Prograna Ética e Cidadania: construindo valores na escola e na sociendade. Acessado em 18 de setembro de 2011 e Disponível em http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Etica/11_soares.pdf

Silva, Salete M. da. (2011). Gênero e cidadania: questões para serem pensadas no quotidiano escolar. Em Costa, Ana A. A.; Rodrigues, Alexnaldo T.; Vanin, Iole M. (2011) Ensino e Gênero: perspectivas transversais. Salvador: UFBA – NEIM, 125-134.

Tonet, Ivo. (2012). Educação contra o Capital. 2ª ed. São Paulo: Luckács. Acesso em 12 de março de 2016, de: http://www.ivotonet.xpg.com.br/arquivos/educacao_contra_o_capital_-_3a_ed.pdf

Downloads

Publicado

2019-08-16

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Escola Sem Partido e Ideologia de Gênero: reflexões sobre a educação e a luta pela construção de uma sociedade justa. (2019). Revista Gestão & Políticas Públicas, 9(1), 162-178. https://doi.org/10.11606/issn.2237-1095.v9p162-178