Programas de orientação sexual nas escolas: uma análise das lacunas na implementação de políticas públicas a partir da percepção dos alunos da rede municipal de ensino de São Paulo

Autores

  • Kátia Cibelle Machado Pirotta Instituto de Saúde Autor
  • Renato Barboza Instituto de Saúde Autor
  • Lígia Rivero Pupo Instituto de Saúde Autor
  • Sandra Unbehaum Fundação Carlos Chagas Autor
  • Sylvia Cavasin Ecos – Comunicação em Sexualidade Autor

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2237-1095.v3p190-210

Palavras-chave:

Políticas Públicas, Educação Sexual, Desenvolvimento de Programas, Adolescente, Programas Governamentais.

Resumo

No plano normativo e teórico, o papel das escolas na orientação sexual e a sua importância para construção da autonomia e do projeto de vida de crianças e adolescentes é incontroverso. Apesar disso, prevalece o tratamento dessas questões sob uma ótica repressora, focada na ideia de risco e na prevenção das doenças sexualmente transmissíveis e da gravidez. Este artigo teve por objetivo analisar a percepção de alunos sobre os programas de orientação sexual realizados na rede municipal de ensino de São Paulo. Os dados integram o projeto “Educação Sexual na Escola e Direitos Sexuais e Reprodutivos – Avaliação da Política da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo 2001 a 2005”. Como parte desse projeto foi feito um levantamento descritivo, de caráter exploratório, com 341 entrevistados, sorteados em oito escolas municipais, no ano de 2006. Os resultados indicaram a realização de ações pontuais e informativas, nas aulas de ciências e em palestras com profissionais de saúde. Não se observou a realização de um trabalho processual, interdisciplinar e intersetorial. Os temas abordados foram a contracepção, as doenças sexualmente transmissíveis, o HIV/Aids, a gravidez e as drogas. Nota-se um pequeno envolvimento de pais e familiares. Mais de um terço dos estudantes referiu não ter participado de nenhuma ação na área da orientação sexual. Conclui-se que prevalece uma concepção descontextualizada da sexualidade e da promoção da saúde. São oferecidas respostas prontas, indicando que os professores não se sentem respaldados para utilizar uma metodologia construtivista. A visão dos alunos reproduz essa lógica, o que pode leva-los a adotar posturas pouco responsáveis e discriminatórias em relação à sua vida e saúde. Transformar uma plataforma de orientação sexual em uma política pública efetiva permanece um grande desafio para a escola e para a sociedade.

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Biografia do Autor

  • Kátia Cibelle Machado Pirotta, Instituto de Saúde
    Cientista Social, Doutora em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo, Pesquisadora Científica V do Instituto de Saúde.
  • Renato Barboza, Instituto de Saúde
    Cientista Social, Mestre em Saúde Coletiva pela Coordenadoria de Controle de Doenças/SES-SP, Pesquisador Científico V do Instituto de Saúde e pesquisador do NEPAIDS da Universidade de São Paulo.
  • Lígia Rivero Pupo, Instituto de Saúde
    Psicóloga, Mestre em Medicina Preventiva pela Universidade de São Paulo, Pesquisadora Científica IV do Instituto de Saúde.
  • Sandra Unbehaum, Fundação Carlos Chagas
    Cientista Social, Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Pesquisadora e Coordenadora do Departamento de Pesquisas Educacionais da Fundação Carlos Chagas.
  • Sylvia Cavasin, Ecos – Comunicação em Sexualidade
    Cientista Social, Pesquisadora e Diretora da Organização Não Governamental Ecos – Comunicação em Sexualidade.

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Publicado

2013-06-07

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Programas de orientação sexual nas escolas: uma análise das lacunas na implementação de políticas públicas a partir da percepção dos alunos da rede municipal de ensino de São Paulo. (2013). Revista Gestão & Políticas Públicas, 3(1), 190-210. https://doi.org/10.11606/issn.2237-1095.v3p190-210