Vaivém Histórico

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DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-901X.v1i82p237-248

Palavras-chave:

Memória ancestral, Decolonização, Re-Antropofagia

Resumo

A invenção da tradição brasileira tem na sua raiz o apagamento de memórias ancestrais a este território também inventado.
O que somos hoje é um juntado de recortes e refilamentos ao longo dos anos, em que apenas o que servia como escada para o
progresso fora aproveitado. Quanto àqueles que não se comportavam dentro da panela colonizadora, eram lançados à margem para que perecessem, sem luzes ou olhos que os notassem. Esquecimento era a pena a ser cumprida por não caberem nas retificações do “País do Futuro”. Hoje, como a volta da maré que pega alguns muitos de surpresa, corpos que haviam sido esquecidos voltam e afogam a História do Brasil. Um requerimento de luz sobre as ruínas. Vozes roucas de tanto gritar do lado de fora hoje assaltam a mesa grande, desta vez não atrás de farelos que caem das mãos gordas de quem se lambuzava há  éculos, mas atrás da coxa do porco europeu trazido por Cristóvão Colombo, ou do próprio europeu, se for o caso. Rescrever a história é raspar escórias e cracas agarradas do imaginário colonizatório e, a partir daí, sobrepor camadas de urucum, argila, jenipapo, carvão, crajiru e memórias daqueles que viraram alienígenas do progresso.

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Biografia do Autor

  • Denilson Baniwa, Sem registro de afiliação

    Às vezes, o desafio não é ocupar posições. Por exemplo, quando as que existem não servem, é necessário criar algo novo. Denilson Baniwa (DENILSON MONTEIRO BANIWA) é um artista indígena. É indígena e é artista. E seu ser indígena lhe leva a inventar um outro jeito de fazer arte, em que processos de imaginar e fazer são por força intervenções em uma dinâmica histórica (a história da colonização dos territórios indígenas que hoje conhecemos como Brasil) e interpelações àqueles que o encontram para que abracem as suas responsabilidades.

Referências

QUEIROZ, Elisa Vieira; ALMEIDA, Débora Caroline Viana. Entre vistas, mundos e rios: arte e tecnologia digital na pussanga de Denilson Baniwa. Palíndromo (Florianópolis), v. 13, n. 29, 2021, p. 250-267. http://dx.doi.org/10.5965/2175234613292021250. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/palindromo/article/view/19247. Acesso em: 27 jun. 2022.

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Publicado

2022-08-23

Edição

Seção

Criação

Como Citar

Baniwa, D. (2022). Vaivém Histórico. Revista Do Instituto De Estudos Brasileiros, 1(82), 237-248. https://doi.org/10.11606/issn.2316-901X.v1i82p237-248