“As caravanas”: racismo e novo racismo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-901X.v1i80p18-32

Palavras-chave:

Chico Buarque, Racismo, Islamofobia, Escravatura

Resumo

Propõe-se uma leitura de “As Caravanas” de Chico Buarque, que vale por um tratado sobre exclusão social, racismo e islamofobia. Explora-se a ambiguidade da toponímia carioca, vendo nas favelas não apenas palco da letalidade policial, mas autênticos núcleos de cultura negra. Ao mesmo tempo, propõe-se um cotejo com a realidade contemporânea, ancorado em notícias recentes da mídia. À maneira de Antonio Candido, a análise aponta uma clivagem no corpo do poema, que corresponde à clivagem no corpo social deste país que tem a escravatura no cerne de sua formação.

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Biografia do Autor

  • Adelia Meneses, Universidade Estadual de Campinas

    Adelia Bezerra de Meneses é ex-docente e atual professora colaboradora voluntária do Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (DTLLC/FFLCH/USP), professora aposentada do Departamento de Teoria Literária do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas (DTL/IEL/ Unicamp), pesquisadora do CNPq e autora de, entre outros, Desenho mágico: poesia e política em Chico Buarque (Ateliê, 2003) e Militância cultural: a Maria Antônia nos anos 60 (Com-Arte, 2014).

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2021-12-13

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“As caravanas”: racismo e novo racismo. (2021). Revista Do Instituto De Estudos Brasileiros, 1(80), 18-32. https://doi.org/10.11606/issn.2316-901X.v1i80p18-32