Avaliação do impacto do tempo de espera para admissão em Unidade de Terapia Intensiva no desfecho clínico do paciente crítico

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262.rmrp.2021.169399

Palavras-chave:

Emergências, Unidades de Terapia Intensiva, Mortalidade

Resumo

Este estudo tem por base a premissa de que com um maior número de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) disponíveis o tempo de espera para admissão em UTI é menor, o que resulta no melhor desfecho clínico, justificando, portanto, a importância do presente estudo. Objetivo: Avaliar se o tempo de espera no Departamento de Emergência até a admissão em UTI tem influência no desfecho clínico do paciente crítico. Metodologia: Estudo observacional, retrospectivo, do tipo antes e depois, realizado em um hospital público do município de Joinville/SC no ano de 2019. Foram incluídos os dados referentes aos pacientes adultos admitidos na UTI com até 72 horas de espera no Departamento de Emergência desde a chegada ao hospital. Comparou-se o último trimestre de 2017 (fase 1), período durante o qual havia 14 leitos de UTI no hospital, e último trimestre de 2018 (fase 2), período durante o qual havia 30 leitos de UTI. Resultados: Analisaram-se 173 prontuários elegíveis de 2017 e 2018. Houve diferença estatisticamente significativa no tempo decorrido na emergência até a admissão em UTI entre 2017 e 2018 (mediana de 22 vs. 15; p=0,0002). A diferença estatística também foi relevante para a mortalidade em até 24 horas após a admissão em UTI, comparando-se os dois anos em questão (9,61% vs. 2,47%; p=0,04). Não houve diferença estatística significante na mortalidade hospitalar entre 2017 e 2018 (34,6% vs. 35,5%; p=0,57). Também não houve diferença estatisticamente relevante entre os demais parâmetros analisados.  Conclusão: Comparando-se 2017 a 2018, percebeu-se que o tempo de espera pelo leito de UTI diminuiu, bem como a mortalidade em até 24h da admissão intensiva. No entanto, isto não se refletiu na mortalidade hospitalar. 

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Biografia do Autor

  • Maria Luiza Floriano, Universidade da Região de Joinville

    Acadêmica do quinto ano do curso de Medicina da Universidade da Região de Joinville 

  • Glauco Adrieno Westphal, Hospital Municipal São José

    Preceptor do programa de residência médica em Medicina Intensiva do Hospital Municipal São José. Joinville/SC, Brasil.

  • Deorgelis Rosso, Hospital Municipal São José

    Médico intensivista do Hospital Municipal São José - Joinville/SC, Brasil.

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Publicado

2021-06-24 — Atualizado em 2021-07-16

Edição

Seção

Artigo Original

Como Citar

1.
Mendes ML, Floriano ML, Fabre L, Tessari P, Longo M, Westphal GA, et al. Avaliação do impacto do tempo de espera para admissão em Unidade de Terapia Intensiva no desfecho clínico do paciente crítico . Medicina (Ribeirão Preto) [Internet]. 16º de julho de 2021 [citado 18º de abril de 2024];54(1):e169399. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/169399