Paraparesia espástica complicada como fenótipo neurológico em OPA1

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262.rmrp.2021.182946

Palavras-chave:

OPA1, Doença mitocondrial, Atrofia optica, Paraparesia espástica complicada, Coenzima Q10

Resumo

Introdução: A atrofia óptica autossômica dominante (ADOA) é uma das formas mais comuns de atrofias ópticas hereditárias, e causada por mutações no gene OPA1. Os pacientes afetados por essa doença geralmente apresentam perda visual na primeira década de vida, podendo apresentar manifestações extraoftalmológicas no decorrer dos anos, configurando uma síndrome chamada OPA1 plus ou ADOA-plus. Objetivos: Relatar caso de paciente portadora da síndrome ADOA-plus, estabelecendo correlações com casos descritos na literatura. Relato de caso: Paciente feminino, 30 anos, foi encaminhada para avaliação de quadro de atrofia óptica progressiva associada a sintomas de neuropatia periférica. Aos dois anos, foi diagnosticada com perda visual parcial em consulta de puericultura. Não relatou outros sintomas associados durante a infância e a adolescência. Aos 20 anos, apresentou dificuldades de deambular, fraqueza em membros inferiores e falta de equilíbrio. Aos 25 anos, após extensa investigação, foi identificada, através de sequenciamento de exoma, mutação patológica no gene OPA1 confirmando o diagnóstico ADOA-plus e iniciado tratamento com Coenzima Q10. Atualmente a paciente relata ataxia sensitiva, diminuição da acuidade visual progressiva, fasciculações e câimbras em MMII, disfagia e dispneia.  Discussão: Muitos pacientes com ADOA-plus apresentam surdez neurossensorial como sintoma extraoftalmológico mais comum, além de quadros de parkinsonismo e demência, ataxia e ptose. Paciente relatada constitui um caso de atrofia óptica associado à neuropatia periférica, ataxia e miopatia. Devido à ampla variabilidade clínica dessa doença, deve-se investigar mutações no OPA1 em casos de paraparesia espástica progressiva associada à atrofia óptica, visto que possibilidade de tratamento com Coenzima Q10.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Pilz YL, Bass SJ, Sherman J. A Review of Mitochondrial Optic Neuropathies: From Inherited to Acquired Forms. J Optom. 2017;10(4):205–14.

Cohen L, Tzur S, Goldenberg-Cohen N, Bormans C, Behar DM, Reinstein E. Exome sequencing identified a novel de novo OPA1 mutation in a consanguineous family presenting with optic atrophy. Genetics Research. 2016;98:e10.

Skidd PM, Lessell S, Cestari DM. Autosomal Dominant Hereditary Optic Neuropathy (ADOA): A Review of the Genetics and Clinical Manifestations of ADOA and ADOA+. Seminars in Ophthalmology. 1o de setembro de 2013;28(5–6):422–6.

Chun BY, Rizzo JFI. Dominant optic atrophy: updates on the pathophysiology and clinical manifestations of the optic atrophy 1 mutation. Current Opinion in Ophthalmology. novembro de 2016;27(6):475.

Yu-Wai-Man P, Votruba M, Burté F, La Morgia C, Barboni P, Carelli V. A neurodegenerative perspective on mitochondrial optic neuropathies. Acta Neuropathol. 2016;132(6):789–806.

Nasca A, Rizza T, Doimo M, Legati A, Ciolfi A, Diodato D, et al. Not only dominant, not only optic atrophy: expanding the clinical spectrum associated with OPA1 mutations. Orphanet journal of rare diseases. 2017;12(1):89.

Amati-Bonneau P, Milea D, Bonneau D, Chevrollier A, Ferré M, Guillet V, et al. OPA1-associated disorders: phenotypes and pathophysiology. The international journal of biochemistry & cell biology. 2009;41(10):1855–1865.

Carelli V, La Morgia C, Ross-Cisneros FN, Sadun AA. Optic neuropathies: the tip of the neurodegeneration iceberg. Human molecular genetics. 2017;26(R2):R139–R150.

Lee J, Jung S-C, Hong YB, Yoo JH, Koo H, Lee JH, et al. Recessive optic atrophy, sensorimotor neuropathy and cataract associated with novel compound heterozygous mutations in OPA1. Molecular Medicine Reports. 1o de julho de 2016;14(1):33–40.

Yu Wai Man P, Griffiths PG, Gorman GS, Lourenco CM, Wright AF, Auer-Grumbach M, et al. Multi-system neurological disease is common in patients with OPA1 mutations. Brain : a journal of neurology. 2010;133(3): 771-786

Kazamel M, Wong L-J, Milone M. Novel OPA1 mutation featuring spastic paraparesis and intestinal dysmotility. Mol Genet Metab Rep. 8 de outubro de 2014;1:443–5.

Liskova P, Ulmanova O, Tesina P, Melsova H, Diblik P, Hansikova H, et al. Novel OPA1 missense mutation in a family with optic atrophy and severe widespread neurological disorder. Acta Ophthalmol. maio de 2013;91(3):e225-231.

Carelli V, Musumeci O, Caporali L, Zanna C, Morgia CL, Dotto VD, et al. Syndromic parkinsonism and dementia associated with OPA1 missense mutations. Annals of Neurology. 2015;78(1):21–38.

Bonneau D, Colin E, Oca F, Ferré M, Chevrollier A, Guéguen N, et al. Early-onset Behr syndrome due to compound heterozygous mutations in OPA1. Brain. 1o de outubro de 2014;137(10):e301–e301.

Zerem A, Yosovich K, Rappaport Y, Libzon S, Blumkin L, Liat B-S, et al. Metabolic stroke in a patient with bi-allelic OPA1 mutations. Metabolic Brain Disease. 10 de abril de 2019;34.

Newman NJ. Treatment of Leber hereditary optic neuropathy. Brain. setembro de 2011;134(9):2447–50.

Romagnoli M, Morgia CL, Carbonelli M, Vito LD, Amore G, Zenesini C, et al. Idebenone increases chance of stabilization/recovery of visual acuity in OPA1-dominant optic atrophy. Annals of Clinical and Translational Neurology. 2020;7(4):590–4.

Barboni P, Valentino ML, La Morgia C, Carbonelli M, Savini G, De Negri A, et al. Idebenone treatment in patients with OPA1-mutant dominant optic atrophy. Brain. fevereiro de 2013;136(Pt 2):e231.

Takahashi K, Ohsawa I, Shirasawa T, Takahashi M. Optic atrophy 1 mediates coenzyme Q-responsive regulation of respiratory complex IV activity in brain mitochondria. Experimental Gerontology. 1o de novembro de 2017;98:217–23.

Publicado

2021-12-30

Edição

Seção

Relato de Caso

Como Citar

1.
Vanni ABC, Pessoni ACP, Castro HB de, Carneiro Z, Simão GN, Lourenço CM. Paraparesia espástica complicada como fenótipo neurológico em OPA1. Medicina (Ribeirão Preto) [Internet]. 30º de dezembro de 2021 [citado 23º de abril de 2024];54(4):e-182946. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/182946