Hipertensão arterial resistente: um desafio diagnóstico

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262.rmrp.2024.212489

Palavras-chave:

Hiperaldosteronismo, Hipertensão, Diagnóstico atrasado

Resumo

Introdução: O hiperaldosteronismo primário é a principal causa de hipertensão arterial secundária, com prevalência estimada entre 10% e 20% da população hipertensa mundial e no Brasil. Trata-se de uma condição caracterizada pela produção excessiva de aldosterona, que pode ser causada por adenoma, hiperplasia adrenal ou, mais raramente, carcinoma adrenal e condições hereditárias de hiperaldosteronismo familiar. O objetivo deste estudo é relatar um caso de hipertensão arterial resistente secundária a um adenoma produtor de aldosterona. Caso Clínico: Um paciente do sexo masculino, de 70 anos, apresentou episódios de tontura, síncope, câimbras e astenia. Sua história médica inclui hipertensão arterial resistente por mais de 30 anos, apesar do tratamento com cinco classes de anti-hipertensivos. O paciente também possui histórico de dislipidemia, diabetes mellitus tipo 2, insuficiência renal crônica não dialítica e coronariopatia obstrutiva. O exame físico revelou um IMC de 29 kg/m² (sobrepeso), pressão arterial média de 140/90 mmHg (braço direito) e 150/100 mmHg (braço esquerdo), além de nódulos palpáveis nos lobos direito e esquerdo da tireoide, classificados como Bethesda V em citopatologia aspirativa. Foi realizada, então, tireoidectomia total e esvaziamento ganglionar. Os exames laboratoriais mostraram níveis elevados de aldosterona plasmática, com renina suprimida e uma elevada relação aldosterona-renina, o que levantou a suspeita de hiperaldosteronismo primário. Esta suspeita foi confirmada por tomografia computadorizada, que revelou um nódulo de 1,2 cm na glândula suprarrenal direita, compatível com adenoma. O paciente foi submetido a uma suprarrenalectomia unilateral por laparoscopia. Dois anos após a cirurgia da adrenal esquerda, o paciente apresentava níveis pressóricos controlados com o uso de três classes
de anti-hipertensivos, e houve normalização dos níveis de potássio, aldosterona e renina. Discussão e Conclusão: A maioria dos pacientes submetidos a adrenalectomia unilateral por adenoma produtor de aldosterona experimenta uma melhora clínica significativa. O rastreamento e diagnóstico precoce são essenciais para o manejo eficaz do hiperaldosteronismo primário, ajudando a reduzir complicações cardiovasculares e renais.

 

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Biografia do Autor

  • Gabriele Paiva Santos, Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, (BA), Brasil

    Discente do Curso de Medicina

  • Maycon Valiense Clímaco, Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, (BA), Brasil

    Discente do Curso de Medicina

  • Carlos Alberto Menezes, Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, (BA), Brasil

    Docente do Curso de Medicina

Referências

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Publicado

2024-10-08

Edição

Seção

Relato de Caso

Como Citar

1.
Santos GP, Clímaco MV, Menezes CA. Hipertensão arterial resistente: um desafio diagnóstico. Medicina (Ribeirão Preto) [Internet]. 8º de outubro de 2024 [citado 12º de dezembro de 2024];57(1):e-212489. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/212489