Intervenção religiosa na recuperação de dependentes de drogas

Autores

  • Zila van der Meer Sanchez Universidade Federal de São Paulo; Departamento de Psicobiologia; Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas
  • Solange Aparecida Nappo Universidade Federal de São Paulo; Departamento de Psicobiologia; Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-89102008000200011

Palavras-chave:

Religião e Medicina, Transtornos Relacionados ao Uso de Substâncias^i1^sprevenção & contr, Reabilitação, Relações Interpessoais, Pesquisa Qualitativa

Resumo

OBJETIVO: Analisar intervenções religiosas emergentes para recuperação da dependência de drogas. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS: Estudo qualitativo exploratório realizado em São Paulo, SP, em 2004 e 2005. Foram conduzidas 85 entrevistas em profundidade com ex-usuários de drogas que haviam utilizado recursos religiosos não-médicos para tratar a dependência de drogas e estavam abstinentes há pelo menos seis meses. Os grupos religiosos analisados foram católicos, evangélicos e espíritas. As entrevistas continham questões sobre dados sociodemográficos, religiosidade do entrevistado, história do consumo de drogas, tratamentos médicos para dependência de drogas, tratamento religioso e prevenção ao consumo de drogas pela religião. ANÁLISE DOS RESULTADOS: Houve diferenças no suporte ao dependente de drogas em cada grupo. Os evangélicos foram os que mais utilizaram a religião como forma exclusiva de tratamento, apresentando repulsa ao papel do médico e a qualquer tipo de tratamento farmacológico. Os espíritas foram os que buscaram mais apoio terapêutico à dependência de álcool, simultaneamente ao tratamento convencional, justificado pelo maior poder aquisitivo. Os católicos utilizaram mais a terapêutica religiosa exclusiva, mas relataram menos repulsa a um possível tratamento médico. A importância dada à oração como método ansiolítico era comum entre os três tratamentos. A confissão e o perdão - por meio da conversão (fé) ou das penitências, respectivamente para evangélicos e católicos - exercem apelo à reestruturação da vida e aumento da auto-estima. CONCLUSÕES: Segundo os entrevistados, o que os manteve na abstinência do consumo de drogas foi mais do que a fé religiosa. Contribuíram para isso o suporte, a pressão positiva e o acolhimento recebido no grupo, e a oferta de reestruturação da vida com o apoio incondicional dos líderes religiosos.

Publicado

2008-04-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Sanchez, Z. van der M., & Nappo, S. A. (2008). Intervenção religiosa na recuperação de dependentes de drogas . Revista De Saúde Pública, 42(2), 265-272. https://doi.org/10.1590/S0034-89102008000200011