Manter-se acordado: a vulnerabilidade dos caminhoneiros no Rio Grande do Sul

Autores

  • Daniela Riva Knauth Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Faculdade de Medicina; Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia
  • Flávia Bulegon Pilecco Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Faculdade de Medicina; Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia
  • Andréa Fachel Leal Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Faculdade de Educação; Programa de Pós-Graduação em Educação
  • Fernando Seffner Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Faculdade de Educação; Programa de Pós-Graduação em Educação
  • Ana Maria Ferreira Borges Teixeira Universidade Federal de Pelotas; Faculdade de Medicina; Departamento de Medicina Social

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-89102012000500016

Palavras-chave:

Transportes, Riscos Ocupacionais, Anfetamina, Saúde do Homem, Saúde do Trabalhador, Inquéritos Epidemiológicos

Resumo

OBJETIVO: Analisar os fatores associados ao uso de substâncias estimulantes por caminhoneiros para se manterem acordados. MÉTODOS: Survey com 854 motoristas em oito locais de concentração de caminhoneiros (sete postos de gasolina e um posto aduaneiro em região de fronteira) em cinco municípios do Rio Grande do Sul, em 2006. O desfecho "uso de rebite" foi categorizado em "sim" ou "não". Foi realizada análise de regressão de Poisson com variância robusta para a seleção de variáveis do modelo, que foi composto por níveis socioeconômicos, demográficos, de informações sobre a profissão e sobre o consumo de álcool. RESULTADOS: O consumo de rebite para se manter acordado foi declarado por 12,4% dos caminhoneiros de forma isolada ou em combinação com outras substâncias (café, guaraná em pó, energéticos, cocaína aspirada). O rebite foi a substância mais citada por aqueles que consumiam algo para ficar acordados. A ingestão de bebidas alcoólicas foi prática de mais de 70% dos entrevistados, dos quais 45,1% relataram consumo pelo menos uma vez por semana. O uso de rebite esteve associado às faixas etárias mais jovens, ao aumento da renda, à maior duração das viagens e ao consumo de álcool. DISCUSSÃO: O aumento da remuneração dos caminhoneiros implica aumento da carga de trabalho. Isso produz desgaste físico e emocional, levando-os a buscar solução temporária no consumo de substâncias estimulantes. A redução do consumo abusivo de álcool e do uso ilícito de substâncias como anfetaminas por motoristas profissionais depende não só de políticas voltadas para a prevenção e tratamento de drogas, mas de políticas intersetoriais articuladas que garantam melhores condições de trabalho e de saúde aos caminhoneiros.

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Publicado

2012-10-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Knauth, D. R., Pilecco, F. B., Leal, A. F., Seffner, F., & Teixeira, A. M. F. B. (2012). Manter-se acordado: a vulnerabilidade dos caminhoneiros no Rio Grande do Sul. Revista De Saúde Pública, 46(5), 886-893. https://doi.org/10.1590/S0034-89102012000500016