Ser (e deixar de ser) o homem doente, o homem mau e o homem desagradável: notas sobre Memórias do subsolo
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2317-4765.rus.2021.191500Palavras-chave:
Memórias do subsolo, Devir literário, Sintomatologia, DeleuzeResumo
O presente artigo comenta e analisa as estratégias e o percurso narrativo do protagonista anônimo das Memórias do subsolo (1864), de Fiódor Dostoiévski, com o intuito de destacar a pertinência de uma leitura critico-clínica acerca da novela, tendo em vista o estudo das sintomatologias e o diálogo com o pensamento de Gilles Deleuze que diz respeito à literatura como devir, à função do escritor como médico da civilização e ao sujeito larvar das micropolíticas que atua nos efeitos do real e na potência do impossível. O texto tem também como objetivo levantar a hipótese ensaística de que o homem do subsolo experencia transcendentalmente um efetivo movimento entre a enfermidade e a saúde do mundo, entre o bem e o mal e, por fim, entre a crítica negativa e a afirmação do desejo na vida, sempre sob vias de transbordar esses limites todos. Para tal aproveitamento, discute-se igualmente algumas observações centrais a propósito da obra e/ou da filosofia do tempo de Dostoiévski realizadas por René Girard, Bakhtin, Nietzsche, Sergio Givone, dentre outros. De uma leitura diferencial da novela à leitura da teoria literária contemporânea, o artigo se utiliza das Memórias como um local intensivo de disputas pelo sentido da escrita, da mimese como técnica poética primordial e do gênero textual das confissões, ou melhor, dos castigos correcionais que conjuram por aporias.
Palavras-chave: Memórias do subsolo; devir literário; sintomatologia; Deleuze.
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