Over the Prison Wall
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2317-4765.rus.2024.224507Palavras-chave:
Liév Tolstói, Perspectivismo animal, Antropocentrismo, EstranhamentoResumo
O conto de Tolstói "O leão e o cachorro" funciona como uma meditação profunda sobre a linguagem, a percepção e os limites da perspectiva humana. Por meio de um procedimento narrativo de estranhamento, Tolstói desfaz as projeções antropocêntricas e convida os seus leitores a transcender os "muros da prisão da linguagem" (Nietzsche), que confinam a nossa compreensão da realidade. Utilizando o conceito de остранение (estranhamento), do teórico formalista Viktor Chklóvski, o artigo examina como a narrativa sem adornos de Tolstói liberta o leitor das metáforas calcificadas e dos preconceitos impostos pelo discurso cotidiano. A análise traça paralelos entre os objetivos artísticos de Tolstói e a crítica de Nietzsche à verdade como uma "teia de aranha" regressiva construída a partir de metáforas que alienam os seres humanos de suas fontes criativas primordiais. A adoção por Tolstói de um perspectivismo animal subverte o antropocentrismo, minando a ilusão do excepcionalismo humano e oferecendo um caminho para uma compreensão mais rica e matizada da existência. Em última análise, o artigo posiciona a arte, e a obra de Tolstói em particular, como uma força de desmitologização capaz de revitalizar a percepção e revelar a natureza contingente e construída das fronteiras metafísicas que estruturam o nosso meio ambiente (Umwelt).
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