Errância do cogito no jovem Tolstói: liberdade e ascese da vontade (1847–1852)
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2317-4765.rus.2024.225370Palavras-chave:
Jovem Tolstói, Filosofia, Vontade, ErrânciaResumo
O artigo analisa os fragmentos filosóficos do jovem Tolstói, de 1840, a partir dos efeitos filosóficos do idealismo na modernidade russa. Utilizando como fil rouge o sentido do desenraizamento provocado pelo gesto autocrático de Pedro, responsável pelo advento de uma modernidade privada dos “hábitos hereditários” (Nietzsche) e dos “fios de parentescos” (Tchaadaiév) necessários ao desenvolvimento de uma ética intramundana, o artigo interpreta a filosofia do jovem Tolstói à luz da indeterminação da vontade em Descartes e Kant. O argumento principal é que o conceito de “vontade ilimitada”, como apresentado pelo jovem/por Tolstói, deve ser lido como o fenômeno não dialetizável de um cronótipo indiferente à tese hegeliana de que “a verdade do espaço é o tempo”. Como uma espécie de prolongamento do ceticismo de Tchaadaiév, o artigo propõe que a filosofia da liberdade do jovem Tolstói deve ser lida à luz do que Derrida chamou de errância hiperbólica do cogito, a extravagância de uma vontade ilimitada desprovida de ontologia – o excesso do jovem Tolstói para o infinito e o não determinado.
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