A figura da “Mãe” na cultura e literatura soviética: o realismo em Górki e o testemunhal em Aleksiévitch

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2317-4765.rus.2024.226767

Palavras-chave:

Górki, Aleksiévitch, Mãe, União Soviética, Iconografia

Resumo

O presente artigo tem como objetivo analisar as representações da figura da “Mãe” em A Mãe (1907), de Maksim Górki, e Meninos de Zinco (1989), de Svetlana Aleksiévitch. Vemos nas duas obras uma construção política da maternidade. Na primeira, ela está ligada à antecâmara do realismo socialista e à anunciação teleológica do futuro. Na segunda, ao testemunho como um “relato-prece” dessas mulheres que perderam os filhos no “conflito colonial” da Guerra do Afeganistão (1979-1989). Elas erguem suas vozes para criticar a burocracia impassível. O futuro é substituído pelo presente contínuo: a marca perene, por isso traumática, da morte do filho. Nas figurações, as mães aparecem no espaço público. A emoção não é um sentimento de recolhimento, mas de encontro do outro. A emoção não diz “eu”. Para realizar essas discussões também passamos, como reverberações, pelas figurações históricas e iconográficas da maternidade na União Soviética. 

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Biografia do Autor

  • Ian Anderson Maximiano Costa, Universidade Federal de Minas Gerais

    Mestre e doutorando em Teoria da literatura e Literatura Comparada pelo pós-lit. da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Graduado em História pela Pontifícia Universidade Católica-Minas e em Letras pela UFMG. 

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Publicado

2024-11-29

Como Citar

Costa, I. A. M. (2024). A figura da “Mãe” na cultura e literatura soviética: o realismo em Górki e o testemunhal em Aleksiévitch. RUS (São Paulo), 15(27), 147-178. https://doi.org/10.11606/issn.2317-4765.rus.2024.226767