Morrer é uma ação nua: Orfeo: eine Sterbeübung (2015), de Susanne Kennedy

Autores

  • Maurício Augusto Perussi de Souza Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2238-3867.v22i1p54-69

Palavras-chave:

Tempo, Morrer, Devir-mulher, Espetáculo, Instalação

Resumo

O artigo examina o espetáculo/instalação Orfeo: eine Sterbeübung, concebido pela encenadora alemã Susanne Kennedy para a Ruhrtriennale 2015. Partindo de L'Orfeo (1607), de Claudio Monteverdi, a obra consiste em uma experiência imersiva na qual o espectador, percorrendo uma série de salas nas quais confronta atores silenciosos e mascarados, é convidado a pôr em prática um “exercício de morrer”. Procura-se esmiuçar o sentido desse exercício, tendo por base a hipótese de que a experiência de morte almejada por Kennedy tem início no desnudamento das ações, perpassando a sensibilização às “emoções automoventes”, o contato com a materialidade do tempo, desembocando, por fim, em um devir-mulher, ou no devir-Eurídice de Orfeu. No encadeamento desses conceitos, delineia-se uma correlação entre a apresentação de ações desenredadas da mímesis dramática e a possibilidade de se gerar variações em relação aos padrões majoritários de percepção.

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Biografia do Autor

  • Maurício Augusto Perussi de Souza, Universidade de São Paulo

    PPGAC/ECA-USP, doutor; Projeto concluído em 2022; Teoria e prática do Teatro, orientador: Luiz Fernando Ramos; Bolsa Print/CAPES; Diretor de teatro, professor e pesquisador.

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Publicado

2023-09-21

Edição

Seção

ARTIGOS

Como Citar

Morrer é uma ação nua: Orfeo: eine Sterbeübung (2015), de Susanne Kennedy. (2023). Sala Preta, 22(1), 54-69. https://doi.org/10.11606/issn.2238-3867.v22i1p54-69