Avaliação da capacidade laborativa em periciandos portadores de fibromialgia

Autores

  • Clarissa Mari de Medeiros Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina
  • Talita Zerbini Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina
  • Raquel Barbosa Cintra Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina
  • Victor Alexandre Percínio Gianvecchio Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina
  • Daniel Romero Muñoz Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2317-2770.v17i2p50-56

Palavras-chave:

Fibromialgia, Prova pericial/legislação & jurisprudência, Previdência social/legislação & jurisprudência, Medicina legal/legislação & jurisprudência.

Resumo

Solicitações de benefícios são frequentemente realizadas em decorrência dos sintomas da fibromialgia, que é a síndrome de dor crônica difusa mais prevalente na população geral, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde 1992. O perito judicial defronta-se, rotineiramente, com dois quesitos básicos: - 1) A fibromialgia é uma doença que acarreta incapacidade laborativa? 2) Tal doença tem nexo causal com alguma atividade laborativa? O presente trabalho tem por objetivo verificar o conceito atual da fibromialgia, bem como determinar critérios médico-legais que permitam a avaliação da capacidade laborativa e do nexo causal com as atividades laborativas exercidas por periciandos diagnosticados com fibromialgia. Para tanto, foi realizada revisão bibliográfica baseada em publicações recentes nas principais bases de pesquisa (Pubmed, SciELO e Lilacs). A doença está enquadradada no grupo que correspondeu a um total de 7.756 benefícios de auxílio-doença e 970 de auxílio-doença acidentário concedidos no ano de 2011, e 1.927 benefícios de auxílio doença e 242 benefícios de auxílio-doença acidentário até março de 2012, pela Previdência Social. De acordo com dados da literatura, a prevalência estimada da doença é de 0,66 a 4% da população, atingindo preferencialmente o sexo feminino. Os critérios diagnósticos atuais não contemplam mais os tender points, definidos pelo Colégio Americano de Reumatologia (ACR) em 1990, e englobam os sintomas não relacionados ao aparelho locomotor, além da dor musculo-esquelética, que avaliam a sua intensidade. A relação da doença com a atividade ocupacional é alvo de discussões, uma vez que condições como doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho (DORT), doenças somatoformes e distúrbios psiquiátricos costumam ser diagnósticos diferenciais difíceis de serem distinguidos. Exames propedêuticos e complementares não elucidam completamente o diagnóstico. Diante desses elementos, os autores deste trabalho discorrem sobre as repercussões funcionais da doença que possam justificar concessão de benefícios como aposentadoria por invalidez ou auxílio doença e discutem os critérios médico-periciais para avaliação do nexo causal entre a fibromialgia e a atividade laborativa exercida por periciandos portadores da doença. Pôde-se concluir que a fibromialgia pode ser incapacitante devido à intensidade da dor e demanda física da função do periciando. Dessa forma, para estabelecer nexo ocupacional, há necessidade de avaliação da atividade laborativa exercida e do ambiente do trabalho, além da exclusão das demais hipóteses diagnósticas. A avaliação da ocorrência de quadros similares em pessoas que exerçam a mesma função que o autor também é importante, uma vez que tal fato gera maior credibilidade à avaliação do nexo.

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Biografia do Autor

  • Clarissa Mari de Medeiros, Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina
    Médica Residente de Medicina do Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
  • Talita Zerbini, Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina
    Médica preceptora da Residência de Medicina do Trabalho e de Medicina Legal da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
  • Raquel Barbosa Cintra, Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina
    Médica preceptora da Residência de Medicina do Trabalho e de Medicina Legal da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
  • Victor Alexandre Percínio Gianvecchio, Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina
    Médico Perito da Vara de Acidentes do Trabalho da Comarca de São Paulo.
  • Daniel Romero Muñoz, Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina
    Professor Titular do Departamento de Medicina Legal, Ética Médica e Medicina Social e do Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

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Publicado

2012-12-24

Edição

Seção

Artigo

Como Citar

Avaliação da capacidade laborativa em periciandos portadores de fibromialgia. (2012). Saúde Ética & Justiça , 17(2), 50-56. https://doi.org/10.11606/issn.2317-2770.v17i2p50-56