Cenas em jogo: a exacerbação da ambiguidade

Autores

  • Renato Tardivo Universidade de São Paulo. Instituto de Psicologia

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-7114.sig.2016.118151

Palavras-chave:

Jogo de cena, unheimlich, fenomenologia

Resumo

O filme Jogo de cena (2007) habita a linha tênue entre ficção e não ficção e inaugura novas possibilidades contidas na linguagem documentário. Assim, o filme propõe uma discussão sobre a sua própria linguagem. Este artigo apresenta uma leitura de Jogo de cena e discute a oposição entre documentário e ficção, atentando-se para a presença do unheimlich descrito por Freud (1919/2010) e traduzido como aquilo que é estranho, não familiar, inquietante. Ainda reflete, a partir do documentário, a qualidade dos vínculos  banalizados que estabelecemos na contemporaneidade – o trânsito banalizado do real ao artifício. Jogo de cena inverte esse trânsito, de modo a convocar o espectador a se implicar nas relações que estabelece. Desse modo, se podemos considerar toda ficção é um documentário, analogamente, todo documentário é uma ficção, pois as possibilidades de apreensão do real são um mistério.

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Biografia do Autor

  • Renato Tardivo, Universidade de São Paulo. Instituto de Psicologia
    Psicanalista e escritor. Mestre e doutor em Psicologia Social (USP), trabalha na interface do cinema e da literatura com a Psicologia.

Referências

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Referências audiovisuais

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Links

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NÓS DO MORRO. <http://www.nosdomorro.com.br> Acesso em 25 jan. 2016.

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Publicado

2016-12-21

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Cenas em jogo: a exacerbação da ambiguidade. (2016). Significação: Revista De Cultura Audiovisual, 43(46), 126-144. https://doi.org/10.11606/issn.2316-7114.sig.2016.118151