Encruzilhadas, andarilhos, aprendizes

sobre três filmes-performance

Autores

  • André Brasil Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-7114.sig.2020.160224

Palavras-chave:

feitiçaria capitalista, contrafeitiço, performance, Ungüento, Árvore do Esquecimento, Noirblue

Resumo

Tendo como ponto de partida a hipótese de Pignarre e Stengers em torno da feitiçaria capitalista, o artigo aproxima três filmes-performance – Ungüento, de Dalton Paula, Árvore do esquecimento, de Paulo Nazareth e Noirblue, de Ana Pi – para pensá-los como críticas contracoloniais, elaborações da história da diáspora negra por meio do corpo. Se o capitalismo e a colonização que lhe é indissociável configuram um “sistema feiticeiro sem feiticeiros”, cada qual à sua maneira, os três trabalhos podem ser vistos como operações de contrafeitiçaria, intervenções no tempo, com o tempo.

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Biografia do Autor

  • André Brasil, Universidade Federal de Minas Gerais

    Doutor em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e professor do Departamento de Comunicação da Universidade Federal de Minas Gerais, onde integra o corpo docente permanente do Programa de Pós-Graduação. Coordena o Grupo de Pesquisa Poéticas da Experiência, junto ao qual desenvolve os projetos “Cosmopolítica e cinemas contracoloniais” (Bolsa de Produtividade em Pesquisa, CNPq) e “Cosmopolítica e cinema ameríndio: ver e pensar juntos as imagens” (Edital Universal, CNPq). É um dos editores da Revista Devires – Cinema e Humanidades, compõe o Núcleo de Antropologia Visual (NAV) e a Formação Transversal em Saberes Tradicionais na UFMG.

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Publicado

2020-05-04

Como Citar

Encruzilhadas, andarilhos, aprendizes: sobre três filmes-performance. (2020). Significação: Revista De Cultura Audiovisual, 47(53), 21-47. https://doi.org/10.11606/issn.2316-7114.sig.2020.160224