A reviravolta estética do Brasil: de nação emergente a pária internacional

Autores

  • Daniel Malanski University College Dublin

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-7114.sig.2022.188910

Palavras-chave:

Rio 2016, Londres 2012, Brics, Bolsonaro, Imagem nacional

Resumo

Ao longo das últimas décadas, o Brasil havia construído a imagem de uma nação emergente e progressista que passava, pouco a pouco, a exercer papel de liderança dentro do cenário político internacional. Neste artigo, efetuamos uma análise de conteúdo das cerimônias dos Jogos Olímpicos do Rio – realizadas em 2012 e em 2016 – revelando suas referências fragmentárias e mitos políticos. Em seguida, as comparamos com o posicionamento do atual governo com relação ao ambientalismo, ao multiculturalismo e à tolerância social. Desta maneira, ficou evidente que as representações do Brasil e dos brasileiros, expostas internacionalmente durante o governo Rousseff através das cerimônias olímpicas, diferem profundamente da imagem que o governo Bolsonaro buscou dar ao país a partir dos últimos anos da década de 2010. Apesar dos esforços de consecutivas administrações – sobretudo após a redemocratização, na década de 1980 – para transmitir a imagem de um Brasil emergente e progressista, crises políticas, a recessão econômica e, sobretudo, a vitória de um regime reacionário e antiambientalista nas eleições de 2018 colocaram em xeque tal narrativa nacional romantizada, revelando – internacionalmente e domesticamente – um país de contrastes, em que campos opostos competem pela nação como espaço sociopolítico e objeto simbólico.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Daniel Malanski, University College Dublin

    Pesquisador da Escola de História da University College Dublin (UCD). Doutor em Comunicación Audiovisual pela Universitat Autònoma de Barcelona (UAB) e em Histoire Culturelle pela Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3. Mestre em Media and Communication Studies pela Stockholm University.

Referências

ANDRADE, C. D. A rosa do povo. Rio de Janeiro: Record, 2000.

BOLSONARO visita menina para desfazer mal-entendido. [S. l.: s. n.], 2019. 1 vídeo (5 min). Publicado pelo canal Band Jornalismo. Disponível em: https://bit.ly/3qjcWDh. Acesso em: 11 set. 2019.

BRAZIL takes off. The Economist, London, 14 nov. 2019. Disponível em: https://econ.st/3Jei2tl. Acesso em: 18 mai. 2021.

BRAZIL’S sad choice. New York Times, New York, 21 out. 2018. Disponível em: https://nyti.ms/3FpRDGG. Acesso em: 20 mai. 2021.

BREVE história. Maracatu.org.br, [s. l.: s. n.], 2001. Disponível em: https://bit.ly/3pkxWKL. Acesso em: 2 ago. 2020.

CÂMARA, Y. R. “Sereia Amazônica, Iara e Yemanjá, entidades aquáticas femininas dentro do folclore das Águas no Brasil”. Agália, Santiago de Compostela, n. 97, p. 115-130, 2009.

CASADO, L.; LONDOÑO, E. “Under Brazil far-right leader, Amazon protection slashed and forests fall”. New York Times, New York, 28 jul. 2019. Disponível em: https://nyti.ms/3pkWJ1i. Acesso em: 5 set. 2019.

COMEMORAÇÃO da Vitória. Entrevista com Lula. [S. l.: s. n.], 2009. 1 vídeo (7 min). Publicado pelo canal andersondamasio. Disponível em: https://bit.ly/3H5kyjD. Acesso em: 27 jul. 2018.

DUNN, C. Brutality Garden: tropicália and the emergence of a Brazilian counterculture. Chapel Hill: UNC Press Books, 2001.

FERRANTE, L.; FEARNSIDE, P. “Brazil’s new president and ‘ruralists’ threaten Amazonia’s environment, traditional peoples and the global climate”. Environmental Conservation, Cambridge, v. 46, n. 4, p. 261-263, 2019.

FREYRE, G. Sociologia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1962.

GALINSKY, P. Maracatu atomico: tradition, modernity, and postmodernity in the mangue movement of Recife, Brazil. Abingdon: Routledge, 2013.

GARCIA, E. “De como o Brasil quase se tornou membro permanente do Conselho de Segurança da ONU em 1945”. Revista Brasileira de Política Internacional, Brasília, DF, v. 54, n. 1, p. 159-177, 2011.

JARDIM, Lauro. “Bolsonaro veta campanha do Banco do Brasil marcada pela diversidade”. O Globo, Rio de Janeiro, 25 abr. 2019. Disponível em: https://glo.bo/3eh9OSR. Acesso em: 22 ago. 2019.

LOCOG. London 2012 Olympic Games Closing Ceremony: media guide. London: LOCOG London, 2012. Disponível em: https://bit.ly/32ZYCb1. Acesso em: 4 jan. 2022.

MALANSKI, D. “Cannibals, colorful birds, and exuberant nature: the representation of Brazilian nationalism and its tropical modernity in the 2016 Rio Olympics”. Journal of Sport and Social Issues, Thousand Oaks, v. 44, n. 2, p. 175-196, 2020a.

MALANSKI, D. “When the party is over: the fragmentary references of an emergent and socially progressive Brazil in the 2012 London/Rio handover ceremony and beyond”. The International Journal of the History of Sport, Abingdon, v. 37, n. 5-6, p. 396-413, 2020b.

MEYERFELD, B. “Bolsonaro est le produit de la longue histoire de l’extrême droite brésilienne”. Le Monde, Paris, 23 abr. 2021. Disponível em: https://bit.ly/3exsLB3. Acesso em: 20 mai. 2021.

MIGNOLO, W. D. Local histories/global designs. Princeton: Princeton University Press, 2012.

NAPOLITANO, M. “Hoje preciso refletir um pouco: ser social e tempo histórico na obra de Chico Buarque de Hollanda 1971/1978”. História, São Paulo, v. 22, n. 1, p. 115-134, 2003.

NEWELL, P.; TAYLOR, O. “Fiddling while the planet burns? COP25 in perspective”. Globalizations, Abingdon, v. 17, n. 4, p. 580-592, 2020.

NIETZSCHE, F. A Gaia Ciência. Lisboa: Relógio d’Água, 1998.

NIETZSCHE, F. The birth of tragedy. Oxford: Oxford University Press, 2000.

O CANTO das três raças. Compositores: Paulo César Pinheiro; Mauro Duarte. Intérprete: Clara Nunes. Rio de Janeiro: Odeon, 1976. LP (4 min).

O’NEIL, J. “Building better global economic BRICS”. Goldman Sachs, New York, 30 nov. 2011. Disponível em: https://bit.ly/3EmRC4W. Acesso em: 4 ago. 2020.

PECEQUILO, C. S. Política Internacional. Brasília, DF: Brazilian Ministry of Foreign Affairs, 2012.

PFISTER, G. “Lieux de memoire/sites of memories and the Olympic Games: an introduction”. Sport in Society, Abingdon, v. 14, n. 4, p. 412-429, 2011.

SKIDMORE, T. E. Black into white: race and nationality in Brazilian thought. New York: Oxford University Press, 1974.

STEINER, A. Q.; MEDEIROS, M.; LIMA, R. “From Tegucigalpa to Teheran: Brazil’s diplomacy as an emerging western country”. Revista Brasileira de Política Internacional, Brasília, DF, v. 57, n. 1, p. 40-58, 2014.

STRUCK, J.-P. “O ano em que o Brasil virou pária”. Deutsche Welle, Bonn, 29 dez. 2020. Disponível em: https://bit.ly/33KSkfv. Acesso em: 22 mai. 2021.

TEIXEIRA, D. M. “Todas as criaturas do mundo: a arte dos mapas como elemento de orientação geográfica”. Anais do museu paulista: história e cultura material, São Paulo, v. 17, n. 1, p. 137-154, 2009.

TESSER, P. “Mouvement mangue Beat: le mélange de genres, version brésilienne”. Sociétés, Paris, n. 71, p. 47-58, 2001.

TWINE, F. W. Racism in a racial democracy: the maintenance of white supremacy in Brazil. New Brunswick: Rutgers Press, 2001.

TZANELLI, R. “Embodied art and aesthetic performativity in the London 2012 handover to Rio”. Global Studies Journal, Leeds, v. 6, n. 2, p. 13-24, 2014.

WALKER, S. “Africanity vs blackness race, class and culture in Brazil”. NACLA Report on the Americas, Abingdon, v. 35, n. 6, p. 16-20, 2002.

WALLERSTEIN, I. The modern world-system I: capitalist agriculture and the origins of the European world-economy in the sixteenth century. Berkeley: University of California Press, 2011.

WALLERSTEIN, I. World-systems analysis: an introduction. Durham: Duke University Press, 2004.

Downloads

Publicado

2022-02-04

Como Citar

A reviravolta estética do Brasil: de nação emergente a pária internacional. (2022). Significação: Revista De Cultura Audiovisual, 49(57), 198-214. https://doi.org/10.11606/issn.2316-7114.sig.2022.188910