Então ela é escrava? Escrava Isaura, história e identidade nacional

Autores

  • Paula Halperin Purchase College, SUNY

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-7114.sig.2020.155856

Palavras-chave:

novelas, televisão brasileira, televisão e história, escravidão, racismo

Resumo

Este artigo analisa a novela Escrava Isaura, transmitida pela Rede Globo entre 11 de outubro de 1976 e 5 de fevereiro de 1977. Adaptação do romance de Bernardo Guimarães (1875), a novela teve grande repercussão na mídia e um alto índice de audiência, durante um período de profunda transformação da televisão no Brasil. A narrativa e a estética presentes em Escrava Isaura configuraram um discurso histórico intricado, estabelecendo uma leitura peculiar do passado e das relações raciais contemporâneas à novela. Escrava Isaura gerou debates acirrados na imprensa da época em torno da escravidão, patriarcado e identidade nacional, em tempos de ditadura militar no Brasil.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Paula Halperin, Purchase College, SUNY

    Paula Halperin é professora associada de Estudos de Cinema e História na State University of New York (Suny) Purchase College. Seus objetos de pesquisa são mídia e esfera pública no Brasil e na Argentina durante a segunda metade do século XX, a relação entre filme, televisão, história e política na América Latina, e intervenções políticas artísticas e intelectuais no Brasil e Argentina durante o século XX.

Referências

AIDOO, L. Slavery unseen: sex, power, and violence in Brazilian history. Durham: Duke University Press, 2018.

ALBERTO, P. Terms of inclusion: black intellectuals in twentieth-century Brazil. Chapel Hill: The University of North Carolina Press, 2011.

AMÂNCIO, T. Artes e manhas da Embrafilme: cinema estatal brasileiro em sua época de ouro, 1977-1981. Rio de Janeiro: Eduff, 2000.

ANGEL, H. “Nelson Rodrigues já curioso com o final de Escrava Isaura”. O Globo, Rio de Janeiro, p. 42, 18 out. 1976a.

ANGEL, H. “Gilberto Braga preocupado com atores negros”. O Globo, Rio de Janeiro, p. 46, 23 dez. 1976b.

ANGEL, H. “O suicídio de Leôncio”. O Globo, Rio de Janeiro, p. 12, 6 fev. 1977.

ARAÚJO, J. Z. A negação do Brasil: o negro nas telenovelas brasileiras. São Paulo: Casa de Criação, 2000.

AUTRAN, M. “Amor e liberdade em questão num folhetim de aventuras”. O Globo, Rio de Janeiro, p. 39, 11 out. 1976.

BASTOS, A. “Campos-ficção”. O Fluminense, Niterói, p. 12, 22 out. 1976.

BENAMOU, C. “Television melodrama in an era of migration”. In: SADLIER, D. (ed.). Latin American melodrama: passion, pathos, and entertainment. Chicago: University of Illinois, 2009.

CAMINHA NETO, J. G. A Escrava Isaura: uma visão multidimensional. Tese (Mestrado em Letras) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2003.

CAMPOS, C. “Na jogada”. Jornal dos Sports, Rio de Janeiro, p. 6-8,

ago. 1976.

CAMPOS, C. “Xepa no ar”. Jornal dos Sports, Rio de Janeiro, p. 8, 24 maio 1977.

CORDEIRO F. C. “No solar dos Ayrizes, em Campos, lembranças da Escrava Isaura”. O Globo, Rio de Janeiro, p. 24, 10 out. 1976.

DA TÁVOLA, A. “Não tenham medo do novelão”. O Globo, Rio de Janeiro, p. 44, 21 out. 1976a.

DA TÁVOLA, A. “Malvina e Tobías viraram churrasquinho”. O Globo, Rio de Janeiro, p. 42, 13 dez. 1976b.

DA TÁVOLA, A. “É boi com abóbora”. O Globo, Rio de Janeiro, p. 46, 18 dez. 1976c.

DA TÁVOLA, A. “O princípio do fim”. O Globo, Rio de Janeiro, p. 48, 1 fev. 1977a.

DA TÁVOLA, A. “A branca de alma negra”. O Globo, Rio de Janeiro, p. 40, 2 fev. 1977b.

DA TÁVOLA, A. “Você gostou daquelas roupas?” O Globo, Rio de Janeiro, p. 42, 3 fev. 1977c.

DOMINGUES, P. A nova abolição. São Paulo: Selo Negro, 2008.

DUTRA, M. H. “Desligue seu aparelho”. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro. Caderno B, p. 15, 29 jan. 1977.

ELSAESSER, T. “Tales of sound and fury: observations on the family melodrama”. In: LANDY, M. (ed.). Imitations of life: a reader on film & television melodrama. Detroit: Wayne State University Press, 1991.

FICO, C. Reinventando o otimismo: ditadura, propaganda e imaginário social no Brasil. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1997.

GIBBS, J. Mise en scène: film style and interpretation. New York: Wallflower, 2002.

GUIMARÃES, H. “Observações sobre adaptações de textos literários para programas de TV”. Revista USP, n. 32, p. 190-198, 1996-97.

HAMBURGER, E. “Telenovelas e interpretações do Brasil”. Lua Nova, São Paulo, n. 82, p. 61-86, 2011.JOHNSON, R. The film industry in Brazil: culture and the state. Pittsburgh: University of Pittsburgh Press, 1987.

JOHNSON, R. “Carnivalesque celebration in Xica da Silva”. In: JOHNSON, R.; STAM, R. (ed). Brazilian cinema. New York: Columbia University Press, 1995.

KORNIS, M. Cinema, televisão e história. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.

LÂMEGO, R. A. “Airises e a ‘Escrava Isaura’”. O Globo, Rio de Janeiro. Caderno de Turismo e Automóveis, p. 2, 25 nov. 1976.

LANDSBERG, A. Engaging the past: mass culture and the production of historical knowledge. New York: Columbia University Press, 2015.

LOPES, A. M. “Our welcomed guests; telenovelas in Latin America”. In: Allen, R. (org). To be continued…: soap operas around the world. London: Routledge, 1995. p. 256-275.

LOPES, M. I. V. “Telenovela as a communicative resource”. Matrizes, São Paulo, v. 3, n. 1, p. 21-47, 2009.

MARIGNY, C. “A palhaçada do circo substitui as lágrimas da escrava Isaura”. O Fluminense, Rio de Janeiro, p. 35, 7 fev. 1977.

MARQUESI, D. “As tevês atacam de musical”. Jornal da República, São Paulo, p. 17, 17 dec. 1979.

MCKEE, A. “What’s love got to do with it?: history and melodrama in the 1940s woman’s film”. Film & History: An Interdisciplinary Journal of Film and Television Studies, Baltimore, v. 39, n. 2, p. 5-15, 2009.

MORETTIN, E. “O cinema brasileiro e os filmes históricos no regime militar: o lugar do historiador”. In: Morettin, E.; NAPOLITANO, M. (org.). O cinema e as ditaduras militares: contextos, memórias e representações audiovisuais. São Paulo: Famecos/Fapesp, 2018. p. 15-32.

NAPOLITANO, M. Comunistas brasileiros: cultura política e produção. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012.

NAPOLITANO, M. 1964: história do Regime Militar brasileiro. São Paulo: Contexto, 2016.

ORTIZ, R. Cultura brasileira e identidade nacional. Rio de Janeiro: Brasiliense, 2012.

RIBKE, N. “Telenovela writers under the military regime in Brazil: beyond the cooption and resistance dichotomy”. Media, Culture & Society, Thousand Oaks, v. 33, n. 5, p. 659-673, 2011.

RIDENTI, M. Em busca do povo brasileiro: artistas da revolução, do CPC à era da TV. São Paulo: Record, 2000.

SENZALA modelo. Veja, São Paulo, p. 28, 17 nov. 1976.

SIMBALISTA, E. “Bonifácio se explica sobre novela”. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, p. 3, 5 jan. 1977.

STAM, R. Tropical multiculturalism: a comparative history of race in Brazilian cinema and culture. Durham: Duke University Press, 1997.

WELLS, A. (ed.). World broadcasting: a comparative view. Norwood: Ablex Publishing, 1996.

WILLIAMS, L. “Melodrama revisited”. In: BROWNE, N. (ed.). Refiguring American film genres: history and theory. Berkeley: University of California Press, 1998. p. 43-88.

ZARZOSA, A. “Linda Williams, on the wire”. Projections, New York, v. 9, n. 2, p. 99-104, 2015.

Publicado

2020-05-04

Como Citar

Então ela é escrava? Escrava Isaura, história e identidade nacional. (2020). Significação: Revista De Cultura Audiovisual, 47(53), 162-183. https://doi.org/10.11606/issn.2316-7114.sig.2020.155856