O cadastro dos saberes: figuras do conhecimento e apreensão do real

Autores

  • Claude Imbert École Normale Supérieure de Paris

DOI:

https://doi.org/10.1590/S1678-31662006000400002

Palavras-chave:

Estudo de caso, Epistemologia das ciências humanas, Galileanismo matemático, Galileanismo civil, Galileanismo filosófico, Primeira e segunda modernidades, Subjetividade

Resumo

O estudo de caso é hoje um referencial privilegiado para as ciências sociais. Redesenha-se toda uma epistemologia, da qual a primeira característica é configurar um conjunto de acontecimentos sem temor de aplicar-lhe uma diversidade de disciplinas razoavelmente complementares e fecundas. Trata-se de um saber empírico que não procede por saturação documental, mais interessado na justeza de sua abordagem do que na decisão. Resultante de modelizações diferentes, ele dará seu lugar à dimensão jurídica sob o efeito da qual as atividades humanas adquirem, às vezes, sua forma final, mas ter-se-á renunciado a uma convergência de índices em direção a um abrigo no qual se unificaria o sentido dos comportamentos humanos. Eis por que devemos libertar-nos de alguns hábitos epistemológicos implicados no vocabulário jurídico, ou casuístico, do caso. Daí o esboço de uma história epistemológica no curso da qual, a partir do galileanismo civil, as atividades humanas adquiriram uma visibilidade específica e uma representação delas mesmas. Após o Iluminismo, a história foi a do lento divórcio entre o juízo da experiência, herdeiro das fenomenologias naturalistas, e esse novo saber. A ruptura se fez ao umbral da antropologia. Tratava-se então de compor um processo de objetivização dos comportamentos com a subjetivização daquilo que lhes confere inteligência e normatividade, incluindo nisso os termos nos quais são ditos e pensados. Deve-se, portanto, aceitar que as ciências humanas retiram sua força da incompletude de um processo do qual elas mesmas fazem parte. Elas mantêm seu movimento criador de rivalizar com um processo de modernidade também ele inacabado. Sua não-saturação será considerada a seu favor.

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Publicado

2006-12-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

O cadastro dos saberes: figuras do conhecimento e apreensão do real . (2006). Scientiae Studia, 4(4), 533-561. https://doi.org/10.1590/S1678-31662006000400002