Hempel, Semmelweis e a verdadeira tragédia da febre puerperal

Autores

  • Marcos Barbosa de Oliveira Universidade de São Paulo; Faculdade de Educação
  • Brena Paula Magno Fernandez Faculdade de Educação; Faculdade de Educação

DOI:

https://doi.org/10.1590/S1678-31662007000100004

Palavras-chave:

Hempel, Semmelweis, Febre puerperal, Kuhn, Latour, Lacey

Resumo

Em seu manual introdutório Filosofia da ciência natural, Hempel apresenta, enquanto ilustração e ponto de partida para uma análise do processo de invenção e teste de teorias científicas, um relato do caso Semmelweis - o médico húngaro que, em meados do século xix, em Viena, descobriu a causa da febre puerperal e um método eficaz de prevenção. O relato, se por um lado não incorre em inverdades factuais, por outro, é bastante sucinto, omitindo uma série de aspectos importantes do caso. A tese deste artigo é a de que, embora tais omissões se justifiquem plenamente em função dos objetivos do relato, elas são também convenientes para Hempel, na medida em que ajudam a transmitir uma imagem da ciência que vai muito além dos processos de invenção e teste de teorias, que reflete a concepção positivista de ciência - e assim, quaisquer que tenham sido a intenções do autor, contribuiu para sua disseminação e fortalecimento. Uma imagem que, pelo menos neste caso, não corresponde à realidade. Para demonstrar a tese, expomos as partes da história de Semmelweis omitidas por Hempel e mostramos como elas não se coadunam com a imagem positivista da ciência. Ao longo desse percurso, distinguimos três tipos de crítica à historiografia positivista: a kuhniana, a pós-moderna e a engajada. Na conclusão, tecemos algumas considerações sobre a pesquisa médica nos dias de hoje.

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Publicado

2007-03-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Hempel, Semmelweis e a verdadeira tragédia da febre puerperal . (2007). Scientiae Studia, 5(1), 49-79. https://doi.org/10.1590/S1678-31662007000100004