Berkeley e o papel das hipóteses na filosofia natural

Autores

  • Silvio Seno Chibeni Universidade Estadual de Campinas; Instituto de Filosofia e Ciências Humanas; Departamento de Filosofia

DOI:

https://doi.org/10.1590/S1678-31662010000300005

Palavras-chave:

Berkeley, Filosofia natural, Hipóteses científicas, Explicações científicas, Entidades inobserváveis, Realismo científico, Empirismo

Resumo

A questão do estatuto epistemológico das hipóteses que postulam entes e mecanismos inobserváveis tornou-se proeminente com o advento da ciência moderna, no século XVII. Uma das razões para isso é que, por um lado, as novas teorias científicas passaram a empregá-las amplamente na explicação dos fenômenos naturais, enquanto que, por outro lado, a epistemologia empirista, geralmente adotada desde então para a análise da ciência, parecia proscrever seu uso. Neste artigo analisam-se as soluções propostas por George Berkeley para essa tensão. Mostra-se que nos Princípios do conhecimento humano ele introduz uma nova noção de explicação científica, segundo a qual a ciência poderia prescindir de hipóteses sobre inobserváveis, quaisquer que sejam. Depois, para acomodar epistemologicamente a mecânica newtoniana, ele propõe, no De motu, a interpretação instrumentalista das hipóteses sobre forças, que são centrais nessa teoria, considerada por ele "a melhor chave para a ciência natural". Finalmente, em sua obra tardia, Siris, Berkeley envolve-se, de forma aparentemente realista, na discussão e defesa de uma série de hipóteses sobre fluidos inobserváveis. Examina-se brevemente, no final do artigo, a possibilidade de conciliar essa posição com os princípios fundamentais da epistemologia e metafísica de Berkeley.

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Publicado

2010-09-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Berkeley e o papel das hipóteses na filosofia natural . (2010). Scientiae Studia, 8(3), 389-419. https://doi.org/10.1590/S1678-31662010000300005