Com o mbaraká nas mãos das palavras: traduzindo poesia indígena guarani

Autores

  • João Paulo Ribeiro Universidade Federal de São Carlos

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2317-9511.v38p142-168

Palavras-chave:

Poética do traduzir, Poética ameríndia, Poesia indígena Guarani, Yvára e o canto jeroky, Ayvu Rapyta

Resumo

Traz proposta de tradução de poesia indígena guarani para a língua portuguesa, baseado na tradução como procedimento poético de repetição (Martins, 2018; 2019) a partir de Henri Meschonnic (2006; 2010; 2016), e da poética ameríndia, para uma reflexão acerca do sujeito da linguagem e do sujeito cosmológico. Mbaraká é um instrumento musical indígena, sagrado, e tem relação com o ritmo e encontro com o incomunicado, e aqui é pensado como um instrumento para a atividade de tradução.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • João Paulo Ribeiro, Universidade Federal de São Carlos

    Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal de São Carlos. Bolsista Capes.

Referências

ALBERT, B.; RAMOS, A. R. Pacificando o Branco: Cosmologias do Contato no Norte-amazônico. São Paulo: Ed. UNESP, 2002.

BATISTA, J. V. Roça Barroca. São Paulo: Cosac&Naify, 2011.

BARRETO, J. P. L.; SANTOS, G. M. Os seres e as espécies aquáticas: alguns aspectos da teoria tukano sobre humanidade e animalidade. In. AMOROSO, M.; SANTOS, G. M. (Org.). Paisagens Ameríndias, Lugares, Circuitos e Modos de Vida na Amazônia. São Paulo: Terceiro nome, 2013.

CADOGAN, L. Ayvu Rapyta: Textos míticos de los Mbyá-Guarani del Guairá. FFLCH/USP, Boletim N.227, Antropologia N.5. São Paulo, 1959.

CAMARGO, E. Narrativas e o modo de apreendê-las: A experiência entre os Caxinauás. Cadernos de Campo, n.10. 2002.

CAYÓN, L. S. Lugares Sagrados Y Caminos de Curación: apuntes para el studio comparative del conocimento geográfico de los Tukano Oriental. In. ANDRELLO, G. (org.). Rotas de Criação e Transformação. Narrativas de Origem dos Povos Indígenas do Rio Negro. São Paulo: Instituto Socioambiental; São Gabriel da Cachoeira, Am; FOIRN – Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro, 2012.

CESARINO, P. N. Wenía: O surgimento dos Antepassados – Leitura e tradução de um canto narrative amerindio (Marubo, Amazônia Ocidental), Estudos de Literatura Brasileira contemporânea, n.53, p. 45-99, jan./abr. 2018.

CLASTRES, H. Terra sem Mal. O profetismo Tupi Guarani. Trad. Renato Janine Ribeiro. São Paulo: Brasiliense, [1975] 1978.

CLASTRES, P. Do Um sem o Múltiplo. In. A Sociedade Contra o Estado. Trad. Theo Santiago. São Paulo: Cosac&Naify, [1974] 2003.

CLASTRES, P. A Fala Sagrada: Mitos e Cantos Sagrados dos Índios Guarani. Trad. Nícia Adan Bonatti. Campinas: Papirus, [1974] 1990.

DOOLEY, R. Léxico Guarani, dialeto Mbyá com informações úteis para o ensino médio, a aprendizagem e a pesquisa linguística. Sociedade Internacional de Linguística, 2006.

FARAGE, N. Os múltiplos da alma: um inventário de práticas discursivas Waphishana. Itinerários, Araraquara, n.12, 1988.

GARCIA, W. G. Nhande Rembypy: Nossas Origens. Araraquara: UNESP – Faculdade de Ciências e Letras. Centro de Estudos Indígenas “Miguel A. Menéndez”, 2002.

HECK, E.; PREZIA, B. Povo Indígenas: Terra é Vida. São Paulo: Atual, 1998.

JEKUPÉ, K. W. Oré awé roiru'a ma. Todas as Vezes que Dissemos Adeus. 2. ed. São Paulo: Triom, 2002.

JEKUPÉ, K. W. Tupã Tenondé: A Criação do Universo, da Terra e do Homem Segundo a Tradição Oral Guarani. São Paulo: Peirópolis, 2001.

JEKUPÉ, K. W. A Terra dos mil povos: história indígena brasileira contada por um índio. 4. ed. São Paulo: Peirópolis, 1998.

KOPENAWA, D.; ALBERT, B. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. São Paulo: Companhia das Letras, [2010] 2015.

KRENAK, A. Receber sonhos. In COHN, S. (Org). Ailton Krenak. Encontros. Rio de Janeiro, 1 ed., Azougue, 2015.

LÉVI-STRAUSS, C. A eficácia simbólica. In. Antropologia Estrutural. Trad. Beatriz Perrone-Moisés São Paulo: Cosac Naify, [1958] 2008.

MARTINS, M. S. C. Em defesa da literatura indígena: a atenção à literatura tradicional dos cantos xamânicos e das narrativas primordiais. Verbo de Minas, Juiz de Fora, v.20, n.36, p 122-144, ago./dez. 2019.

MARTINS, M. S. C. A tradução como procedimento poético de repetição. Ronái: Revista de Estudos Clássicos e Tradutórios, Juiz de Fora, Universidade federal de Juiz de Fora, v.6, n1, p. 72-83, 2018.

MESCHONNIC, H. Le Sacré, Le Divin, Le Religieux. Paris, Editions Arfuyen, 2016.

MESCHONNIC, H. Poética do Traduzir. São Paulo. Perspectiva, [1999] 2010.

MESCHONNIC, H. Linguagem, Ritmo e Vida. Belo Horizonte: FALE/UFMG, [1989] 2006.

LAGROU, E. O que nos diz a arte Kaxinawá sobre a relação identidade e alteridade? Mana, v.8, n.1 pp.29-61, 2002.

MESSINEO, C.; TACCONI, T. Problemas y desafios de la traducción de las Lenguas Indígenas: Los casos Toba y Maká de la región del Gran Chaco (Argentina y Paraguay). Cadernos de Tradução, v.37, n.3 pp.92-116, set-dez 2017.

MONTARDO, D. L. O. Através do Mbaraka: Música, Dança e Xamanismo Guarani. São Paulo: EdUSP, 2009.

NIMUENDAJU, C. U. As Lendas de Criação e Destruição do Mundo como Fundamento da Religião dos Apapocúva-Guarani. São Paulo: Hucitec: Edusp, [1914] 1987.

OVERING, J. The Shaman as a Maker of Worlds: Nelson Goodman in the Amazon. Man, vol.25, N.4, pp. 602-619, 1990.

PISOLATO, E. A Duração da Pessoa. Mobilidade, Parentesco e Xamanismo Mbya (Guarani). São Paulo, Editora UNESP: ISA; Rio de janeiro: NuTI, 2007.

RISÉRIO, A. Textos e Tribos: Poéticas Extraocidentais nos Trópicos Brasileiros. Rio de Janeiro: Imago, 1993.

ROTHEMBERG, J. Etnopoesia no Milênio. Trad. Luci Collin. Rio de Janeiro: Azougue editorial, 2006.

SEQUERA, G. Kosmofonia Mbya Guarani. São Paulo: Mendonça & Provani Editores, 2006.

TAUSSIG, M. Xamanismo, Colonialismo e o Homem Selvagem: um Estudo sobre o Terror e a Cura. Trad. Carlos Eugênio Marcondes de Moura. Sao Paulo: Paz e Terra, [1987]1993.

VIANNA, J. J. B. De deslocamentos e alter-ações: os ataques yòpinai e os sentidos da doença entre os Baniwa. AMOROSO, M.; SANTOS, G. M. (Org.). Paisagens Ameríndias, Lugares, Circuitos e Modos de Vida na Amazônia. São Paulo: Terceiro nome, 2013.

VIVEIROS DE CASTRO, E. Metafísicas Canibais: Elementos para uma Antropologia Pós-estrutural. São Paulo: Cosac Naify, 2015.

Downloads

Publicado

2021-02-23

Edição

Seção

Número Especial III JOTA

Como Citar

Ribeiro, J. P. (2021). Com o mbaraká nas mãos das palavras: traduzindo poesia indígena guarani. Tradterm, 38, 142-168. https://doi.org/10.11606/issn.2317-9511.v38p142-168