Da vita monachorum a vita religiosa: a concepção de vida religiosa e a criação da Congregação Beneditina Portuguesa analisadas por meio de uma tradução da Regra de São Bento de 1586
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2317-9511.v43p196-214Palavras-chave:
Regra de São Bento, Portugal (séc. XVI) , TraduçãoResumo
Na tradução portuguesa da Regra de São Bento publicada em 1586, há o emprego das palavras “religioso” e “religião”, que não estão presentes no texto latino (religiosus e religio). O presente artigo apresenta uma análise do emprego dessas palavras, mostrando que se trata de uma estratégia adotada pelo tradutor que inseriu conceitos consolidados no século XIII em um texto produzido no sexto século, sem prejudicar seu sentido. Nessa análise há um estudo sobre as acepções do termo “religião” e “vida religiosa”, além da contextualização da tradução com a criação da Congregação Beneditina Portuguesa.
Downloads
Referências
AGOSTINHO (santo). A Cidade de Deus (livro IX a XV). Trad. J. Dias Pereira. 2ª ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2000.
BALDWIN, G. P. A tradução da teoria política na Europa Moderna. In: BURKE, P.; HSIA, P. R. (orgs.). A tradução cultural nos primórdios da Europa Moderna. Trad. Roger Maioli dos Santos. São Paulo: Ed. UNESP, 2009, p. 115-141.
BENTO DE NÚRSIA (santo). Regra do glorioso Patriarca Sam Bento. Trad. João Pinto, OSB. Lisboa: Antonio Ribeiro, 1586a.
______. Regula Sanctissimi Benedicti monachorum omnium patris almifici. Lisboa: Antonio Ribeiro, 1586b.
BENVENUTI, A. Ordens Religiosas. In: ECO, U. (org.). Idade Média: Catedrais, Cavaleiros e Cidades. Alfragide: Dom Quixote, 2011.
BORGONGINO, B. U. As regras monásticas ocidentais (séculos IV-VII): características tipológicas, temas recorrentes e contextos de produção. Brathair: Revista de Estudos Celtas e Germânicos, São Luís, v. 21, n. 1, 2021, p. 301-321.
BURKE, P. Heu Domine, adsunt Turcae: esboço para uma história social do latim pós-medieval. In: BURKE, P.; PORTER, R. Linguagem, indivíduo e sociedade. Trad. Á. L. Hattnher. São Paulo: UNESP, 1991. p.41-74.
CAMPOS, F. M. G. A ordem das Ordens Religiosas: roteiro identitário de Portugal (séculos XII - XVIII). Lisboa: Caleidoscópio, 2017.
CHANUT, M. E. P. A noção de equivalência e a sua especificidade na tradução especializada. Tradterm, São Paulo, v. 19, 2012, p. 43-70.
CELESTINO III (papa). Religiosam vitam. In: IGREJA CATÓLICA. Magnum bullarium romanum: a beato Leone Magno usque ad S.D.N. Benedictum XIV. Tomus primus: A. B. Leone Magno, ad Paulum IV. Luxemburgo: 1742.
DAWSON, C. H. A formação da Cristandade: das origens na tradição judaico-cristã à ascensão e queda da unidade medieval. Trad. Márcia Xavier de Brito. São Paulo: É Realizações, 2014.
DIAS, G. J. A. C. A Regra de S. Bento, norma de vida monástica: sua problemática moderna e edições em português. “Rectíssima norma vitae”, RB. 73, 13. História: Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Porto, v. 3, 2002, p. 9-48
DIAS, G. J. A. C. Mosteiro de Tibães e a Reforma dos Beneditinos Portugueses no séc. XVI. Revista de História do Centro de História da Universidade do Porto, Porto, v. XII, 1993, p. 95-133.
FRANCO, J. E. Das Ordens às Congregações Religiosas: Metamorfoses da vida consagrada católica. Brotéria, Braga, v. 168, n. 2, mar. 2009, p. 119-135.
FUMAROLI, M. The Republic of Letters. New Haven: Yale University Press, 2018.
HONÓRIO III (papa). Religiosam vitam. In: IGREJA CATÓLICA. Magnum bullarium romanum: a beato Leone Magno usque ad S.D.N. Benedictum XIV. Tomus primus: A. B. Leone Magno, ad Paulum IV. Luxemburgo: 1742.
IGREJA CATÓLICA. Canones, et Decreta Sacrosancti Oecumenici, et Generalis Concilij Tridentini sub Paulo III, Iulio III, et Pio IIII, Pontificibus Max. Lisboa: Tipografia Régia de Francisco Correa, 1564.
MARTINA, G. História da Igreja: de Lutero a nossos Dias. O Período da Reforma. Trad. Orlando Soares Moreira. 3ª ed. São Paulo: Edições Loyola, 2008.
MOTTE, A. Teologia da obediência religiosa. In: A obediência e a religiosa hoje. São Paulo: Paulinas, 1968. p. 79-112.
NIDA, E. E. Toward a Science of Translating. Leiden: Brill, 1964.
OUSTINOFF, M. Tradução: história, teorias e métodos. Tradução de Marcos Marcionilo. São Paulo: Parábola Editorial, 2011.
PAIVA, A. C. A experiência de Deus segundo a Regra de São Bento. Coletânea, Rio de Janeiro, v. 19, n. 37, jan./jun. 2020, p. 15-30.
PINTO, L. P. S. Traduzir uma tradução: algumas observações sobre a tradução do Primeiro Livro de Macabeus. Perspectiva Teológica, Belo Horizonte, v. 52, n. 1, 2020, p. 99-113.
PIO V (papa). In eminenti. In: MONIZ, Jayme Constatino de Freitas (org.). Corpo Diplomatico Portuguez contendo os actos e relações politicas e diplomaticas de Portugal com as diversas potencias do mundo desde o século XVI até os nossos dias. T. 10. Lisboa: Academia Real das Sciencias, 1891. p. 208-212.
SERAFIM, J. (2013). A tradição manuscrita portuguesa da Regula Benedicti: perspetivando o seu enquadramento na família europeia. Dedalus: Revista Portuguesa de Literatura Comparada, 17-18 (vol. I), pp. 539-546.
TOMÁS DE AQUINO (santo). Suma Teológica (II seção da II parte, questões 123- 189). Trad. Carlos-Josaphat Pinto de Oliveira et al. v. 7. 2ª ed. São Paulo: Edições Loyola, 2013.
ZABATIERO, J. P. T. Fé e Política. Pensar a relação a partir de Filipenses. Teología y Cultura, Rosario, v. 23, n. 2, 2021, p. 126-142.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Jefferson dos Santos Alves
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution BY-NC-SA que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).