A Blancanieves Andaluza de Pablo Berger: Tradução e Intermidialidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2317-9511.v38p234-251

Palavras-chave:

Estudos da tradução, Intermedialidade, Cinema espanhol, Flamenco, Tradição oral

Resumo

Em 2012, Schneewittchen – ou Branca de Neve, como a conhecemos em português –, dos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm (1812), ganha mais uma releitura. O filme Blancanieves, do diretor Pablo Berger, é inspirado no conto (mais especificamente, Märchen) recolhido da tradição oral pelos filólogos alemães. A proposta deste artigo é, partir de duas traduções para o português do Brasil, a saber, a de Tatiana Belinky (2013) e a de Christine Röhrig (2014), examinar as relações intermidiáticas entre as obras literária e cinematográfica à luz dos estudos de Irina Rajewsky (2012) e Claus Clüver (2011), principalmente, no que se refere à caracterização da personagem principal, Branca de Neve, de seus pais, do lugar e da época onde ocorre a ação tanto do conto quanto do filme. Na produção de Berger, personagens, espaço e tempo contidos na obra dos Grimm são evidentemente ressignificados a partir de elementos do flamenco e das touradas, associados à cultura tradicional cigana presente, por sua vez, na tradição popular do sul da Espanha. A presença desses elementos faz com que a obra dialogue com outras produções bastante conhecidas sobre tais temáticas e os estereótipos que se perpetuam em relação a elas tanto na Espanha quanto fora dela ao longo de séculos. Analiso como ocorre o processo de ressignificação e de que modo ela discute ou não conceitos e preconceitos sobre elementos populares e tradicionais muito associados ao que se costuma entender por ‘cultura espanhola’, principalmente a partir do apoio teórico de Rafael Jover (2007), Francisco Aix Gracia (2002) e Gerhard Steingresse (2002).

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Biografia do Autor

  • Roseli Barros Cunha, Universidade Federal do Ceará

    Professora Associada da Área de Espanhol do Departamento de Letras Estrangeiras, membro efetivo do Programa de Pós-Graduação em Letras (Literatura Comparada) e editora-chefe da Transversal - Revista em Tradução. Pós-Doutora em Estudos Literários e da Tradução na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG/PósLit) (2016-2017). Doutora em Letras (Língua Espanhola e Literaturas Espanhola e Hispano-Americana) - Universidade de São Paulo (2005). Mestre em Letras (Língua Espanhola e Literaturas Espanhola e Hispano-Americana) - Universidade de São Paulo (1999). Licenciada em Letras Português- Espanhol pela Universidade de São Paulo (1997). Graduada em Letras Português - Espanhol pela Universidade de São Paulo (1993). Graduada em Artes (1989). Experiência na área de Letras (língua, literatura, ensino e tradução), como docente e pesquisadora, com ênfase em Literaturas Latino-Americanas. Criadora e coordenadora do GELTTE (Grupo de Estudos de Literatura, Tradução e suas Teorias) da UFC/CNPq desde 2010. Autora de Aves sem ninho, de Clorinda Matto de Turner. Tradução, notas e estudo crítico (2019) eTransculturação narrativa: seu percurso na obra crítica de Ángel Rama (2007). Tradutora de Terra sem Mapa (2008), de Ángel Rama. Organizadora de Tinkuy, encontro com a literatura e cultura peruanas (2016). Autora de vários artigos científicos e capítulos de livros sobre literatura, cultura e tradução na América Latina.

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Publicado

2021-02-23

Edição

Seção

Número Especial III JOTA

Como Citar

Cunha, R. B. (2021). A Blancanieves Andaluza de Pablo Berger: Tradução e Intermidialidade . Tradterm, 38, 234-251. https://doi.org/10.11606/issn.2317-9511.v38p234-251