Entre Deus e o diabo: mercados e interação humana nas ciências sociais
DOI:
https://doi.org/10.1590/S0103-20702004000200002Palavras-chave:
Nova sociologia econômica, Nova economia institucional, Interação social, Mercados, InterdisciplinaridadeResumo
A principal característica da nova sociologia econômica, que ganha prestígio crescente nos Estados Unidos e na Europa, é estudar os mercados não como mecanismos abstratos de equilíbrio, mas como construções sociais. Essa orientação, entretanto, longe de opor-se aos procedimentos da ciência econômica, é também partilhada por alguns de seus mais importantes expoentes. É bem verdade que a economia contemporânea faz jus à reputação tão difundida de ciência cinzenta, mecânica e incapaz de incorporar preceitos éticos a seus pressupostos. Mas parte importante e cada vez mais significativa da disciplina se volta justamente ao estudo de formas concretas de interação social e questiona as motivações puramente egoístas e maximizadoras postuladas axiomaticamente pela tradição neoclássica. Entre essas correntes destaca-se a nova economia institucional, cujos temas são objeto também da nova sociologia econômica. Apesar de suas diferenças de abordagem, ambas contribuem para evitar que mercados sejam encarados como soluções mágicas a todos os problemas sociais ou como formas diabolizadas de interação que a emancipação humana acabará um dia por suprimir.
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