A geração dos anos de 1960: o peso de uma herança

Autores

  • Irene Cardoso Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0103-20702005000200005

Palavras-chave:

Geração dos anos de 1960, Experiência de revolta, Movimentos políticos e contraculturais, Transmissão da herança, Filiação

Resumo

O artigo propõe analisar o peso desmedido da herança da geração dos anos de 1960 sobre a geração de jovens de hoje. Procura destacar a historicidade dos movimentos dessa década, seja do ponto de vista de sua linhagem e filiação, seja de sua não-homogeneidade, com o objetivo de compreender o processo que construiu, ao longo do tempo, o mito dos anos de 1960 e a figuração identitária de sua geração, diluindo a complexidade, a heterogeneidade, os conflitos, as heranças e a contextualização histórica dos movimentos. A identificação das gerações posteriores com o mito da geração dos anos de 1960, que tem se manifestado episodicamente, indica um aprisionamento das gerações mais jovens pela imagem de uma identidade heróica da geração anterior, indicativo da ausência de um movimento de separação entre as gerações, e portanto da produção de uma diferença geracional, e das dificuldades de recebimento da herança, isto é, da possibilidade do encontro de uma filiação.

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Publicado

2005-11-01

Edição

Seção

Estudos

Como Citar

Cardoso, I. (2005). A geração dos anos de 1960: o peso de uma herança . Tempo Social, 17(2), 93-107. https://doi.org/10.1590/S0103-20702005000200005