A herança operária entre a fábrica e a escola

Autores

  • Kimi Tomizaki Universidade de São Paulo. Escola de Artes, Ciências e Humanidades

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0103-20702006000100009

Palavras-chave:

Metalúrgicos, Escolarização, Gerações, Trabalho, Transmissão

Resumo

Este artigo discute os efeitos do fenômeno do alongamento da escolarização nas classes populares por meio do caso específico de duas gerações de metalúrgicos da região do ABC Paulista: aqueles que foram jovens no final da década de 1970 e os jovens do final da década de 1990. A pesquisa de campo foi realizada na fábrica da Mercedes-Benz mediante observação, pesquisa em arquivos e coleta de depoimentos - 52 entrevistas de caráter biográfico. A situação de alongamento dos estudos dos jovens da classe operária é vivenciada de maneira ambígua por pais e filhos. As expectativas de ascensão profissional alimentadas por esses jovens não se têm concretizado, apesar do aumento da escolaridade. Além disso, a defasagem entre a experiência escolar de pais e filhos parece criar uma série de conflitos entre as duas gerações.

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Publicado

2006-06-01

Edição

Seção

Diálogos com Pialoux e Beaud

Como Citar

Tomizaki, K. (2006). A herança operária entre a fábrica e a escola . Tempo Social, 18(1), 153-171. https://doi.org/10.1590/S0103-20702006000100009