Democracia racial: o não-dito racista

Autores

  • Ronaldo Sales Jr. Universidade Federal de Pernambuco

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0103-20702006000200012

Palavras-chave:

Democracia racial, Relações raciais, Estigmatização, Não-dito

Resumo

Na "democracia racial", o discurso racial entrincheirou-se no discurso "vulgar" (aforismático, passional, informal e privado), por meio da forma do não-dito racista que se consolidou, intimamente ligado às relações "cordiais", paternalistas e patrimonialistas de poder, como um pacto de silêncio entre dominados e dominadores. O não-dito é uma técnica de dizer alguma coisa sem, contudo, aceitar a responsabilidade de tê- la dito, resultando daí a utilização pelo discurso racista de uma diversidade de recursos tais como implícitos, denegações, discursos oblíquos, figuras de linguagem, trocadilhos, chistes, frases feitas, provérbios, piadas e injúria racial, configurando a não-intencionalidade da discriminação racial.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

ADORNO, Sérgio. (1995), “Discriminação racial e justiça criminal em São Paulo”. Novos Estudos Cebrap, 43: 45-63, nov.

ALMEIDA, Julia. (2003), Estudos deleuzeanos da linguagem. Campinas, Editora da Unicamp.

CARVALHO, Olavo de. (1997), “Comentário suplementar III”. In: SCHOPENHAEUR, Arthur. Como vencer um debate sem precisar ter razão: em 38 estratagemas. Rio de Janeiro, Topbooks.

DAMÁSIO, Antônio. (2004), Em busca de Espinosa: prazer e dor na ciência dos sentimentos. São Paulo, Companhia das Letras.

DELEUZE, Gilles. (1988), Diferença e repetição. Rio de Janeiro, Graal.

DELEUZE, Gilles. (2006), Lógica do sentido. São Paulo, Perspectiva.

DELEUZE, Gilles. (2002), Espinosa: filosofia prática. São Paulo, Escuta.

DELEUZE, Gilles & GUATTARI, Félix. (1995), Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Rio de Janeiro, Editora 34.

DUCROT, Oswald. (1987), O dizer e o dito. Campinas, Pontes.

EAGLETON, Terry. (1997), Ideologia: uma introdução. São Paulo, Editora da Unesp/Boitempo.

ECCLES, Peter. (1991), “Culpados até prova em contrário: os negros, a lei e os direitos humanos no Brasil”. Cadernos Cândido Mendes/Estudos Afro-Asiáticos, 20:135-163, Rio de Janeiro, Centro de Estudos Afro-Asiáticos.

FANON, Frantz. (1983), Pele negra, máscaras brancas. Rio de Janeiro, Fator.

FERNANDES, Florestan. (1971), Brancos e negros em São Paulo: ensaio sociológico sobre os aspectos da formação, manifestações atuais e efeitos do preconceito de cor na sociedade paulista. São Paulo, Companhia Editora Nacional.

FERNANDES, Florestan. (1978), A integração do negro na sociedade de classes. São Paulo, Ática.

FOUCAULT, Michel. (1999a), A ordem do discurso. São Paulo, Edições Loyola.

FOUCAULT, Michel. (1999b), Em defesa da sociedade. São Paulo, Martins Fontes.

FOUCAULT, Michel. (2002), A arqueologia do saber. Rio de Janeiro, Forense Universitária.

FOUCAULT, Michel. (2004), A hermenêutica do sujeito. São Paulo, Martins Fontes.

FREUD, Sigmund. (1996), A psicopatologia da vida cotidiana. Rio de Janeiro, Imago.

FREYRE, Gilberto. (1996), Sobrados e mucambos: introdução à história da sociedade patriarcal no Brasil. Rio de Janeiro, Record.

FOUCAULT, Michel. (2001), Casa-grande & senzala. Rio de Janeiro, Record.

FRY, Peter Henry. (2001), “Sobre a pertinência de Sobrados e mucambos para a compreensão da dinâmica racial no Brasil contemporâneo: ou o sorriso do mulato”. Seminário Internacional Novo Mundo nos Trópicos. Recife, Fundação Gilberto Freyre.

GILROY, Paul. (2001), O Atlântico negro: modernidade e dupla consciência. São Paulo, Editora 34.

GIRARD, René. (2004), O bode expiatório. São Paulo, Paulus.

GOFFMAN, Erwing. (1975), Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de Janeiro, Zahar.

GREIMAS, A. J. (1973), Semântica estrutural. São Paulo, Cultrix/Edusp.

GREIMAS, A. J. (1975), O sentido: ensaios semióticos. Petrópolis, Vozes.

GUIMARÃES, Antonio Sérgio. (1999), “Raça e estudo de relações raciais no Brasil”. Novos Estudos Cebrap, 54:127-146, jul.

GUIMARÃES, Antonio Sérgio. (2002), Classes, raças e democracia. São Paulo, FUSP/Editora 34.

GUIMARÃES, Antonio Sérgio. (2004), Preconceito e discriminação. São Paulo, FUSP/Editora 34.

HASENBALG, Carlos Alfredo & BURGLIN, Patrick. (1979), Discriminação e desigualdades raciais no Brasil. Rio de Janeiro, Graal.

LACAN, Jacques. (1998), Seminário V: as formações do inconsciente. Rio de Janeiro, Jorge Zahar.

LACLAU, Ernesto. (1986), “Os novos movimentos sociais e a pluralidade do social”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 2 (1): 41-47, out.

LACLAU, Ernesto. (1992), “A política e os limites da modernidade”. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de. (org.), Pós-modernismo e política. Rio de Janeiro, Rocco.

LACLAU, Ernesto. (1993a), Nuevas reflexiones sobre la revolución de nuestro tiempo. Buenos Aires, Nueva Visión.

LACLAU, Ernesto. (1993b), “Universalismo, particularismo e a questão da identidade”. Novos Rumos, 21:30-36.

LACLAU, Ernesto. (1994), “Da emancipação à liberdade”. In: SOBREIRA, Alexandrina (org.), Utopias e formações sociais. Recife, Massangana/Fundaj, pp. 29-46.

LACLAU, Ernesto. (1997), “Sujeito da política, política do sujeito”. Política Hoje, 2:9-28, ano 4, jan./jun.

LACLAU, Ernesto. (1998), “Desconstrucción, pragmatismo, hegemonia”. In: MOUFFE, Chantal (org.), Desconstrucción y pragmatismo. Buenos Aires, Editorial Paidós.

LACLAU, Ernesto & MOUFFE, Chantal. (1985), Hegemony & Socialist Strategy: towards a radical democratic politics. Londres, Verso.

LEMOS-NELSON, Ana Tereza. (2001), Judiciary police accountability for gross human rigths violations: the case of Bahia, Brazil, 1989-2000. Ph.D. Dissertation. University of Notre Dame.

LINS, Daniel. (1999), Antonin Artaud: o artesão do corpo sem órgãos. Rio de Janeiro, Relume-Dumará.

LORENZ, Konrad. (1974), A agressão: uma história natural do mal. Lisboa, Moraes.

MAGGIE, Yvone & FRY, Peter. (2004), “A reserva de vagas para negros nas universidades brasileiras”. Estudos Avançados, 18 (50): 67-80.

MARX, Anthony. (1996), “A construção da raça e o estado-nação”. Estudos AfroAsiáticos, 29: 9-36, mar.

RICOUER, Paul. (1988), O discurso da acção. Lisboa, Edições 70.

RICOUER, Paul. (1991), O si mesmo como outro. Campinas, Papirus.

ROSAS, Marta. (2003), “Por uma teoria da tradução do humor”. Delta, 19: 133-161, número especial.

SALES JR., Ronaldo L. (2006), Raça e justiça: o mito da democracia racial e racismo institucional no fluxo de justiça. Recife, UFPE.

SAMPAIO, Elias de Oliveira. (2003), “Racismo institucional: desenvolvimento social e políticas públicas de caráter afirmativo”. Interações. Revista Internacional de Desenvolvimento Local, 4 (6): 77-83, março. Campo Grande, UCDB.

SARTRE, Jean-Paul. (1960), Reflexões sobre o racismo. São Paulo, Difusão Européia do Livro.

SOARES, Gláucio & BORGES, D. (2004), “A cor da morte”. Ciência Hoje, 35 (209):26-31.

STRAUSS, Anselm. (1999), Espelhos e máscaras: a busca de identidade. São Paulo, Edusp.

THÁ, Fábio. (2001), Uma semântica para o ato falho. São Paulo, AnnaBlume.

VELHO, Gilberto. (1996), “Violência, reciprocidade e desigualdade: uma perspectiva antropológica”. In: VELHO, Gilberto & ALVITO, Marcos (orgs.), Violência e cidadania. Rio de Janeiro, Editora UFRJ/Editora FGV.

VIOTTI DA COSTA, Emília. (1999), Da Monarquia à República: momentos decisivos. São Paulo, Editora da Unesp.

Downloads

Publicado

2006-11-01

Edição

Seção

Dossiê - Sociologia da Desigualdade

Como Citar

Sales Jr., R. (2006). Democracia racial: o não-dito racista . Tempo Social, 18(2), 229-258. https://doi.org/10.1590/S0103-20702006000200012