Socializar para o trabalho operário: o Senai-Mercedes-Benz

Autores

  • Kimi Tomizaki Universidade de São Paulo. Faculdade de Educação

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0103-20702008000100004

Palavras-chave:

Metalúrgicos, Classe operária, Senai, Mercedes-Benz, Socialização, Cultura de classe

Resumo

Este artigo pretende contribuir para a discussão em torno das transformações do setor automobilístico brasileiro e suas conseqüências para os trabalhadores, por meio do debate dos mecanismos de reprodução da classe operária, com ênfase nos processos socializadores das novas gerações e, portanto, nos modos de transmissão de uma "cultura operária", o que envolve tanto a constituição do sentimento de pertencimento de classe como os mecanismos de negação e/ou superação da condição operária. A discussão está baseada na análise de um caso específico: a trajetória da escola profissionalizante da Mercedes-Benz do Brasil e suas modalidades de socialização e preparação para o trabalho industrial. A escola, criada há cinqüenta anos, funciona nas dependências da fábrica da Mercedes-Benz de São Bernardo do Campo em parceria com o Senai. O foco central da discussão será o papel exercido por essa escola na vida de diferentes gerações de metalúrgicos da Mercedes-Benz, de forma a evidenciar de que maneira a passagem por essa instituição e as certificações concedidas por ela foram sendo ressignificadas nas últimas décadas, tanto em função das transformações do mercado de trabalho como da percepção dos membros da categoria metalúrgica.

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Publicado

2008-01-01

Edição

Seção

Dossiê - Sociologia da Educação

Como Citar

Tomizaki, K. (2008). Socializar para o trabalho operário: o Senai-Mercedes-Benz . Tempo Social, 20(1), 69-94. https://doi.org/10.1590/S0103-20702008000100004