Memória e ditadura militar: lembrando as violações de direitos humanos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2021.177990

Palavras-chave:

Memória, Ditadura militar, Arquivo, Lugar de memória, Museu

Resumo

Este artigo tem por objetivo analisar a formação de arquivos, a preservação de sítios da memória e a criação de museus relacionados à construção da memória das violações de direitos humanos no período da ditadura civil-militar. Em sociedades contemporâneas, em que o ritmo da vida e as novas tecnologias dificultam os encontros e permanências, já não falamos tanto de memória comunitária ou do grupo, mas, sim, de memória culturais, que são exteriorizadas e armazenadas a partir de meios ou suportes. Embora o trabalho da memória nem sempre tenha a capacidade de evitar a repetição de atrocidades, a necessidade que temos dele se impõe quando ameaças de negacionismo e falsificações históricas se fortalecem. As fontes de dados utilizadas estão presentes em documentos produzidos por organizações governamentais e da sociedade civil, meios de comunicação, sítios eletrônicos, instituições visitadas, bem como em algumas entrevistas realizadas.

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Biografia do Autor

  • Myrian Sepúlveda dos Santos, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

    Doutora em sociologia pela New School for Social Research. Professora titular do Departamento de Ciências Sociais da UERJ, Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais (PPCIS/UERJ). Coordenadora do grupo de pesquisa Arte, Cultura e Poder (www.artecultpoder.org). Autora dos livros Memória coletiva e teoria social (SP, Annablume, 2003) e Memória coletiva e identidade nacional (SP, Annablume, 2013).

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Publicado

2021-08-16

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Memória e ditadura militar: lembrando as violações de direitos humanos. (2021). Tempo Social, 33(2), 289-309. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2021.177990