Relato pessoal ou primazia da estrutura? Da história oral à história estrutural como modelo para a sociologia histórica: o caso da história institucional da USP

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2022.180874

Palavras-chave:

Universidade de São Paulo, Sociologia histórica, História oral, História estrutural, História institucional

Resumo

O presente artigo pretende analisar, sociologicamente, a historiografia sobre a Universidade de São Paulo, destacando os padrões de escrita e publicação das diferentes “histórias da USP” e mostrando como cada um deles corresponde a uma posição social distinta no interior da instituição. Contrapõe-se particularmente a história oficial, escrita desde posições privilegiadas de poder e marcada pela primazia do relato pessoal e finalista, à história dos vencidos, de cunho filosófico, marcada pela defesa do projeto “original” da USP, ancorado na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Por fim, mostramos como a história estrutural, que permite realizar a operação analítica central do artigo, também corresponde a uma tradição historiográfica própria, ligada às ciências sociais, em especial à sociologia, que também tem um lugar próprio na instituição.

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Biografia do Autor

  • Maria Caramez Carlotto, Universidade Federal do ABC

    Doutora em sociologia pela Universidade de São Paulo, professora do Centro de Engenharia e Ciências Sociais Aplicadas da UFABC, onde atua no Bacharelado em Ciências e Humanidades, Bacharelado em Relações Internacionais e no Programa de Pós-graduação em economia política mundial.

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Publicado

2022-04-16

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Artigos

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Como Citar

Relato pessoal ou primazia da estrutura? Da história oral à história estrutural como modelo para a sociologia histórica: o caso da história institucional da USP. (2022). Tempo Social, 34(1), 55-82. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2022.180874