Lei do desmanche, PCC e mercados

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2023.204351

Palavras-chave:

Roubo e furto de veículos, Segurança pública, Mercados ilegais, Métodos mistos

Resumo

No estado de São Paulo, as  notificações de roubos e furtos de veículos cresceram entre 2003 e 2014. Desde então, esse tipo de crime tem diminuído. O que explicaria essa  oscilação? Combinando experiências etnográficas e dados quantitativos, o artigo propõe um quadro analítico composto por três hipóteses  explicativas: (i) a implementação da “Lei do Desmanche”; (ii) as  transformações nas dinâmicas do Primeiro Comando da Capital e (iii) as mudanças econômicas associadas à indústria automobilística. Nossos  resultados sugerem que a  implementação da “Lei do Desmanche”, regulando o mercado  ilegal de autopeças, teve efeitos decisivos na diminuição da subtração veicular. As demais hipóteses sugerem efeitos acessórios que também  merecem atenção.

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Biografia do Autor

  • Gabriel Feltran, Sciences Po

    Sociólogo do crime, Diretor de Pesquisa cnrs e Professor Titular no CEE Sciences Po. Foi pesquisador visitante na Universidade de Oxford e Goldsmiths College (2019) e professor convidado na Universidade Humboldt (Bolsista Kosmos 2017) e no ciesas México (2015). É editor do livro: Stolen Cars: a journey through the urban conflict in São Paulo (série Wiley SUSC, 2022) e autor de The Entangled City: crime as urban fabric in São Paulo (Manchester University Press, 2020). A série documental “PCC Secret Power” (HBOMax 2022) é adaptada de seu livro (Irmãos: uma história do pcc de 2018). É pesquisador sênior do Cebrap.

  • Rafael Rocha, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

    Doutor em sociologia, com foco em sociologia urbana e do crime. É coordenador de projetos no Instituto Sou da Paz, com atuação nas áreas de homicídios e monitoramento de indicadores criminais, e pesquisador no Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da UFMG

  • Janaina Maldonado, Universität Hamburg

    Doutoranda na Escola de Pós-Graduação “Democratising Security in Turbulent Times” da Universität Hamburg (UH, Alemanha) e pesquisadora do Instituto de Estudos Latino Americanos do Instituto Alemão de Estudos Globais e de Área (GIGA Hamburg). É pesquisadora do projeto Global Car (ANR/Fapesp) e atua no campo dos estudos urbanos, com ênfase em pesquisas sobre violência, conflito urbano, mundo do crime e diferença.

  • Gregório Zambon, Universidade Estadual de Campinas

    Doutorando em ciências sociais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Palnejamento (Cebrap).

  • Fernanda de Gobbi, Universidade Federal de São Carlos

    mestranda em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) com o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), processo nº 2021/05226-3 e pesquisadora visitante no departamento de Antropologia Cultural e Sociologia do Desenvolvimento da Universidade de Leiden (processo nº 2022/05662-0). É pesquisadora do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni-UFF), do Grupo de Pesquisa Cidade e Trabalho do Laboratório de Pesquisa Social da Universidade de São Paulo (Laps-USP) e do Núcleo de Pesquisas Urbanas da Universidade Federal de São Carlos (NaMargem- UFSCar).

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Publicado

2023-04-28

Edição

Seção

Dossiê - Carros globais e a economia (in)formal de veículos