"Grade de ferro? Corrente de ouro!": circulação e relações no meio prisional

Autores

  • Antonio Rafael Barbosa Universidade Federal Fluminense. Departamento de Antropologia

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0103-20702013000100006

Palavras-chave:

Sistema penitenciário, Rio de Janeiro, Superlotação, Regime disciplinar diferenciado, Circulação

Resumo

Neste artigo busco explorar, a partir de uma perspectiva etnográfica, a complexa articulação entre circulação e criação de relações pessoais no meio prisional, particularmente considerando o caso do Rio de Janeiro. A argumentação se distribui em três planos de análise: um exame dos mecanismos institucionais que respondem pela circulação de homens e mulheres no sistema penitenciário; a discussão sobre o valor da liberdade e os expedientes de fuga; a apreciação dos modos de subjetivação abarcados na produção da "delinquência". Busca-se, dessa forma, fornecer subsídios para o debate sobre as recentes mudanças pelas quais passa o sistema penitenciário brasileiro, marcado pelo crescimento dos parques carcerários, pelo endurecimento do regime de cumprimento da pena e pela criação de novas formas de organização entre presos.

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Publicado

2013-06-01

Edição

Seção

Dossiê - Sociologia da Punição e das Prisões

Como Citar

Barbosa, A. R. (2013). "Grade de ferro? Corrente de ouro!": circulação e relações no meio prisional . Tempo Social, 25(1), 107-129. https://doi.org/10.1590/S0103-20702013000100006