Mercado e democracia: a relação perversa

Autores

  • José de Souza Martins Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

DOI:

https://doi.org/10.1590/ts.v2i1.84783

Palavras-chave:

Mercadoria, Fetiche de mercadoria, Igualitarismo, Tributo, Violência, Desigualdade, Cidadania

Resumo

Um reexame crítico das supostas relações causais entre o mercado e democracia deveria ter em conta a teoria do fetiche da mercadoria. A forma de que a mercadoria se reveste para circular acoberta conteúdos, consubstanciados no valor, que resultam de relações sociais historicamente diversas de sua manifestação formal no mercado. Acoberta, portanto, tempos históricos distintos do tempo do mercado. É nesse movimento que, nas sociedades pobres, o capital extrai excedentes que são, na verdade, tributos, estabelecendo aí uma violência que é oposta ao igualitarismo proclamado pelo fetiche da mercadoria. Produzida desse modo, a mercadoria e o mercado não cumprem sua suposta missão civilizadora, pois de fato empobrecem a possibilidade da cidadania. Basicamente, na relação entre o mercado e democracia é necessário considerar as relações sociais reais que definem o conteúdo do processo político, pois há situações (e sociedades) em que as possibilidades proclamadas pela forma exterior igualatária da mercadoria estão em contradição com a realidade opressiva das desigualdades sociais e politicas.

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Biografia do Autor

  • José de Souza Martins, Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

    Professor do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.

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Publicado

1990-07-07

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Martins, J. de S. (1990). Mercado e democracia: a relação perversa. Tempo Social, 2(1), 7-22. https://doi.org/10.1590/ts.v2i1.84783