Ponto convergente de utopias e culturas: o Parque de São Bartolomeu

Autores

  • Angelo Serpa Universidade de Agronomia de Viena

DOI:

https://doi.org/10.1590/ts.v8i2.86431

Palavras-chave:

Candomblé, Sincretismo, Religiões afro-brasileiras, simbolismo, Percepção ambiental, Ecologia

Resumo

Ponto de convergência de povos distintos como os índios Tupinambás e os escravos africanos da Nigéria, Benin, Angola e Congo, o Parque de São Bartolomeu resiste ao longo dos séculos ao crescimento desordenado da cidade do Salvador. A beleza especial do lugar parece ter exercido um fascínio e um poder de persuasão irresistível nos índios Tupinambás, que aqui fincaram raízes e fundaram uma grande aldeia, renunciando assim aos seus hábitos nômades. Também abrigou escravos fugitivos que aqui encontraram proteção e refúgio, organizando-se por volta do ano de 1826 no chamado Quilombo do Urubu. No presente trabalho discute-se a importância histórica e sagrada do Parque para os praticantes do candomblé e o sincretismo religioso resultante do encontro das tradições indígenas e africanas. Em muitos dos terreiros de candomblé, localizados nas cercanias do Parque, as divindades indígenas (caboclos) são cultuadas lado a lado com as africanas (orixás). Entrevistas realizadas com os praticantes do candomblé, demonstram que os descendentes dos Tupinambás e dos escravos africanos se afirmaram como principais usuários do Parque de São Bartolomeu.

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Biografia do Autor

  • Angelo Serpa, Universidade de Agronomia de Viena

    Doutor em Planejamento Paisagístico e Ambiental pela Universidade de Agronomia de Viena.

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Publicado

1996-06-30

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Serpa, A. (1996). Ponto convergente de utopias e culturas: o Parque de São Bartolomeu. Tempo Social, 8(2), 177-190. https://doi.org/10.1590/ts.v8i2.86431