Gilberto Freyre e a nova história

Autores

  • Peter Burke Universidade de Cambridge

DOI:

https://doi.org/10.1590/ts.v9i2.86687

Palavras-chave:

Historiografia, Psico-história, Antropologia histórica, Cultura material, Mentalidades

Resumo

O ponto de partida deste artigo é uma série de semelhanças entre a ‘nova história’ associada aos Annales e a história social, psico-história ou antropologia histórica de Gilberto Freyre; semelhanças que vão desde um interesse pela cultura material (alimentação, vestimenta e habitação) até um interesse pelas mentalidades e pela história da infância, tema que preocupou Freyre antes da publicação de Casa-grande & senzala. Estas semelhanças de abordagem foram reconhecidas tanto por Febvre como por Braudel quando descobriram a obra de Freyre no fim dos anos 30. Freyre, no entanto, não estava imitando o Annales e nem Febvre ou Braudel o estavam imitando. Freyre aprendera seu estilo interdisciplinar na Universidade Columbia, um centro do movimento americano da ‘nova história’ no início do século. Por outro lado, assim como Febvre, Freyre também admirava Michelet. Já a ‘história íntima’ de Freyre é, em algum grau, devedora da Histoire Intime praticada pelos irmãos Goncourt, uma história cuja importância para a história da historiografia ainda não foi suficientemente reconhecida.

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Biografia do Autor

  • Peter Burke, Universidade de Cambridge

    Professor da Faculdade de História da Universidade de Cambridge e Fellow de Emmanuel College.

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Publicado

1997-06-29

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Burke, P. (1997). Gilberto Freyre e a nova história. Tempo Social, 9(2), 1-12. https://doi.org/10.1590/ts.v9i2.86687